Parece ainda estar muito distante a tranquilidade entre os homens da toga preta, no âmbito do processo eleitoral que teve lugar na passada sexta-feira (12 de Julho), no Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ). Depois de, na semana finda, juízes Conselheiros do Tribunal Supremo terem denunciado uma suposta falta de ética e moralidade por parte de alguns membros da Comissão Eleitoral que dirigiram o processo de eleição de novos membros daquele órgão de gestão e disciplina dos juízes, esta semana, foi a vez de alguns magistrados judiciais denunciarem uma suposta arrogância de Carlos Mondlane, presidente da Associação Moçambicana de Juízes (AMJ).
Em causa, relatam as fontes, está uma conversa ocorrida na manhã do dia da votação (sexta-feira), num grupo de juízes, na rede social WhatsApp, em que aquele magistrado judicial instava os colegas a “votarem com consciência”, o que foi interpretado como um acto de campanha eleitoral, tendo em conta que este também era candidato a um dos 20 lugares existentes no órgão.
De acordo com as fontes e com os screenshot a que “Carta” teve acesso, tudo começou quando o visado mandou uma mensagem aos membros do grupo a pedir que não votassem em juízes corruptos, mas em magistrados que conhecem o CSMJ. Interpretado como campanha, os outros candidatos postaram, no referido grupo, os respectivos manifestos eleitorais. Mondlane, contam as fontes, ordenou que os seus adversários apagassem os manifestos, alegadamente porque “hoje (sexta-feira) é dia de reflexão”.
Insatisfeitos com a atitude do seu representante, os juízes supostamente lesados começaram a contestá-lo. A discussão, sustentam os dados na posse da “Carta”, terminou com a remoção de alguns grupos, atitude que deixou grande parte dos juízes transtornados, chamando-o de “arrogante, tirano e bandido”.
Contactado pela nossa reportagem para abordar esta questão, o Presidente da AMJ disse não ver nenhum problema em desejar “boa sorte” a todos os candidatos que iam participar do escrutínio.
Na conversa telefónica que teve com a “Carta”, Mondlane explicou ainda que o CSMJ, sendo um órgão de gestão e disciplina dos juízes, deve ser dirigido por magistrados idóneos e que defendam a integridade, porém, não se aplicava aquele caso, pois, “nenhum dos candidatos foi julgado pelo Conselho por prática de corrupção”.
Questionado se não ofendia os colegas com esse tipo de discurso, Mondlane disse não ver nada de extraordinário, assim como o processo eleitoral correu na maior tranquilidade. (Carta)