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sexta-feira, 07 junho 2019 06:28

Em cada 10 raparigas, apenas 1.5 chegam ao Ensino Secundário

Um estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para Infância (UNESCO), publicado no ano passado, refere que nove, em cada dez raparigas, ingressam no ensino primário, em Moçambique, mas, apenas 1.5 de cada dez ingressam no ensino secundário.

 

Dentre vários números, destaca-se o dado estatístico, segundo o qual, cerca de 263 milhões de crianças, adolescentes e jovens de todo o mundo, um em cada cinco estão fora da escola, um número que quase não mudou nos últimos cinco anos.

 

Esta informação foi partilhada, esta quinta-feira (06 de Junho), pelo Movimento de Educação para Todos (MEPT), no âmbito da abertura da primeira Conferência Internacional da Educação sobre a educação da rapariga, que encerra, nesta sexta-feira.

 

A conferência tem como objectivo colher experiência de políticas e práticas positivas, existentes em vários países africanos, com vista a promover a retenção da rapariga na educação, em Moçambique. Participam, para além do governo e da sociedade civil moçambicana, países como Gana, Cabo Verde, Namíbia, Malawi, Ugada e Quénia.

 

Os dados do referido Relatório confirmam, igualmente, que, em toda a África subsaariana, uma em cada três crianças, adolescentes e jovens estão fora da escola, com raparigas mais propensas à exclusão do que os rapazes. Para cada 100 rapazes de seis a 11 anos fora da escola, há 123 raparigas que não a frequentam.

 

Refira-se que os dados do documento da UNESCO, apresentados pelo MEPT, durante a abertura do seminário, mostram que um dos factores relevantes que influenciam a não retenção das raparigas na escola é a gravidez na adolescência.

 

Em termos percentuais, os dados indicam que a prevalência da gravidez na adolescência, nos países em desenvolvimento, é de cerca de 19 por cento.

 

O relatório aponta ainda que os países da África subsaariana continuam a apresentar uma elevada prevalência, com taxas de cerca de 30 por cento ou mais. Entre os países da África Austral (SADC), Moçambique apresenta a mais elevada prevalência, onde 40.2 por cento das jovens declaram ter tido filho antes dos 18 anos e 7.8 por cento antes dos 15 anos (IDS 2011). Os dados de 2015 revelam uma subida da taxa, passando para 46 por cento, sendo as províncias da zona norte com índices mais elevados, Cabo-Delgado (64.9 por cento), Niassa (60 por cento) e Nampula (61 por cento).

 

Por outro lado, o relatório indica que são vários factores que estão em torno desta situação como forte influência do ambiente social e cultural, a dificuldade do sistema educativo em manter a motivação das alunas e das famílias, e a qualidade do próprio sistema educativo, assim como o alto nível de violência na escola.

 

Segundo a Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Conceita Sortane, com a participação, naquele evento, o MINEDH acredita que vai dar novos impulsos para melhorar a qualidade de educação dos alunos em particular alunas, que possam estudar e concluir os seus níveis de ensino com sucesso.

 

Sortane reconhece ainda que se deve continuar a mobilizar e consciencializar toda a comunidade escolar na mudança de atitude e comportamento, munindo os alunos de conhecimento para a prevenção e combate ao assédio, casamentos prematuros, gravidez precoce e todo o tipo de violência incluindo sexual. (Marta Afonso)

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