Famílias deslocadas dos distritos de Mocímboa da Praia, Muidumbe e Nangade, que se encontram acolhidas no centro de reassentamento de Nandimba, em Mueda, reclamam estar a passar dias difíceis devido à fome. Trata-se de famílias deslocadas devido aos ataques terroristas nas suas zonas de origem.
As famílias deslocadas, que vivem a cerca de 10 quilómetros da vila sede de Mueda, contam que, nos últimos meses, não têm recebido apoio alimentar das organizações humanitárias, incluindo o Programa Mundial de Alimentação (PMA), facto que está a aumentar a sua vulnerabilidade.
Elas afirmam que, mesmo das autoridades locais, não têm recebido apoio alimentar, nem informações formais sobre a paralisação da ajuda humanitária.
"A vida está difícil, não recebemos comida nem outro tipo de apoio. Estamos a passar mal. Se os chefes nos esqueceram, saibam que estamos aqui", lamentou Mariamo Agaisse, de Milamba, em Mocímboa da Praia.
"O PMA deixou de vir para aqui e nós não temos nada para comer, incluindo meios de subsistência para nos virar. Nestes dias, conseguimos algum alimento porque temos produtos da machamba, mas estamos a tirar muito cedo por causa da fome. Pedimos ajuda", secundou Nzé Selemane.
Para minimizar a problemática da fome, aquelas famílias recorrem à produção das suas machambas, a qual consideram insuficiente, já que não se trata de grandes áreas de cultivo, tendo em conta que produzem com base na enxada de cabo curto.
Outra preocupação dos deslocados é a falta de água potável, embora este seja um problema de todo o distrito de Mueda. Lamentam igualmente a danificação das lonas que cobrem as suas cabanas, o que piora o sofrimento, sobretudo nesta época chuvosa. (Carta)