A vila municipal de Boane, na província de Maputo, voltou a ser palco de tumultos esta segunda-feira, após a detenção de cinco indivíduos supostamente pertencentes aos PODEMOS, partido que suportou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane.
De acordo com as informações colhidas pela “Carta”, tudo começou quando um membro do partido PODEMOS impediu um grupo de encarregados de educação de efectuar o pagamento da matrícula dos seus educandos na Escola Secundária de Boane, em cumprimento da medida deixada pelo segundo candidato mais votado das eleições presidenciais de 09 de Outubro, de que o acesso ao ensino, em Moçambique, devia ser gratuito da 1ª à 12ª classe.
Tal facto instalou um braço-de-ferro entre os encarregados de educação e a direcção da Escola. Os encarregados defendiam a inscrição gratuita dos seus educandos, enquanto a Directora da Escola Secundária de Boane entende que os alunos devem pagar para ser matriculados. Refira-se que o ensino, em Moçambique, é gratuito da 1ª à 9ª classe, sendo que a partir da 10ª classe, os alunos devem pagar para ter acesso à sala de aulas.
Com a situação supostamente a sair do controlo, a Directora daquele estabelecimento de ensino chamou a Polícia que, no lugar de apaziguar a situação, contam as fontes, deteve cinco pessoas, facto que enfureceu a população da vila de Boane, provocando caos e tumultos. A EN2, que liga Maputo e Namaacha, teve três bloqueios entre a vila e a fábrica da Compal+Sumol.
A situação prolongou-se pela noite à dentro durante, tendo resultado na queima de duas viaturas pesadas, sendo um autocarro articulado de transporte de passageiros e um camião-guindaste. Pelo menos uma encontra-se internada no Hospital Provincial da Matola, depois de levar um tiro da Polícia. Ainda são escassas informações sobre as vítimas. Testemunhas falam de mais de duas horas de tiroteio, em Boane, promovido pela Polícia.
A Polícia, a nível da província de Maputo, disse à “Carta” estar ainda no terreno a recolher dados e que oportunamente irá dar detalhes da ocorrência. Lembre-se que durante as manifestações populares, a vila de Boane, à semelhança das cidades de Maputo e Matola, foi palco de tumultos, que terminaram com a morte de mais de uma dezena de pessoas, destruição de infra-estruturas públicas e privadas e pilhagem de bens. (Carta)