O ex-Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, afirmou que deixa a corporação com instalações destruídas por “manifestações subversivas”, facto que lhe deixa com um sentimento de tristeza.
Falando esta segunda-feira, à margem da cerimónia de tomada de posse do novo Comandante-Geral da Polícia, Bernardino Rafael disse que fez o que conseguiu e talvez com alguns defeitos e erros e pede ao seu sucessor para melhorar o que foi feito.
“Pedimos aos nossos colegas que estão a assumir a liderança para fazer bem aquilo que nós não conseguimos. Agora, se saio ou não de cabeça erguida, isso é discutível”, defendeu. Explicou ainda que o trabalho da Polícia não tem meta definida. “Não é algo que se diga daqui até ali vou terminar. Ele melhora, adapta-se a cada realidade”, destacou.
Bernardino Rafael disse também que sai num momento em que a criminalidade tem tomado novos contornos. “Hoje, a criminalidade é uma, amanhã será outra. Cada dia que passa surge um novo tipo de crime. Até mesmo crimes como a tomada de armazéns, que ninguém esperava. Fogo posto contra armazéns, incluindo de medicamentos, é uma nova realidade que nunca tinha existido em Moçambique”, frisou.
Na sua última entrevista concedida aos jornalistas com uniforme e patente de Inspector-Geral da Polícia, Rafael voltou a não se pronunciar sobre a chacina de centenas de civis pela Polícia durante os protestos. Lembre-se que mais de 300 pessoas foram assassinadas pela Polícia nos últimos três meses.
Em sua última parada militar, na semana finda, ex-Comandante-Geral da Polícia disse que a Polícia registou 96 óbitos, dos quais 79 eram civis, porém, não fez qualquer comentário sobre o assunto, tendo destacado apenas a morte de 17 agentes da Polícia como as únicas vítimas dos protestos. (M.A.)