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sexta-feira, 20 dezembro 2024 10:09

Redução do cabaz de 7.000 meticais para menos da metade gera discórdia na UEM

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Funcionários da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) decidiram manifestar-se nesta quinta-feira (19), devido à redução significativa no valor do cabaz oferecido a cada fim do ano. Em conversa com a “Carta”, os funcionários alegam que, nos anos anteriores, o valor do cabaz aumentou gradualmente até atingir 7.000 Mts, mas desde há dois anos para cá não houve incremento. Entretanto, para surpresa da massa laboral, no início deste mês foram informados que, ao invés de aumentar, o valor seria reduzido para 3.000 Mts, uma redução de mais de 50%.

 

"Não aceitamos receber esse valor. Se eles não nos quiserem dar os 7.000 Mts, como vinham fazendo nos anos anteriores, é melhor que fiquemos sem nada. Preferimos não receber. Estão a humilhar-nos e pensam que devemos viver de migalhas", afirmou um dos representantes dos funcionários. Os lesados alegam que não é justo reduzir esse valor, enquanto os directores e directores-adjuntos recebem cabazes compostos por bebidas muito caras, além do bónus de 7.000 Mts. "Essas regras estão a ser impostas pelo novo Reitor. Desde que ele chegou à UEM, ao invés de melhorar, as coisas só pioraram", afirmam.

 

Os funcionários da UEM exigem que a instituição prove que não há condições para pagar os 7.000 Mts. "Esta instituição de ensino faz dinheiro todos os dias com taxas de inscrição, exames, graduação e tantas outras impostas aos estudantes, e agora alegam não ter condições financeiras. Se for assim, é melhor que fiquem com o dinheiro", disseram.

 

Durante as manifestações, o grupo também contestou a falta de pagamento dos retroactivos decorrentes da implementação da Tabela Salarial Única (TSU), além das horas extras em dívida. Os manifestantes também afirmaram que o processo de apuramento especial para ingresso na UEM, para funcionários e familiares, já não é transparente, entre outros problemas.

 

Os funcionários disseram que, caso o problema dos cabazes não seja resolvido o mais breve possível, irão trancar as salas de aula, impedindo que os estudantes que pretendem realizar os exames de admissão tenham acesso. Assim, esses estudantes terão de realizar os exames à sombra das árvores.

 

Entretanto, em resposta a essas inquietações, o director financeiro da UEM esclareceu que o cabaz foi instituído em 2012 por meio de um despacho interno, e o pagamento depende da disponibilidade financeira da instituição. Ele afirmou que, considerando que 2024 foi um ano de muitos desafios e dificuldades financeiras, isso afectou as finanças da universidade. "Uma das formas de garantir o funcionamento normal das actividades essenciais foi a reformulação de toda a programação financeira e o bónus não estava garantido", disse.

 

O director financeiro acrescentou que, inicialmente, não havia condições para o pagamento de qualquer valor do referido cabaz. No entanto, após muitos ajustes e negociações com os ministérios e parceiros, a instituição conseguiu garantir os 3.000 meticais para os funcionários. "Portanto, este ano estamos a pagar este subsídio conforme a nossa disponibilidade financeira e não podemos fazer mais do que isso", concluiu.

 

Vale ressaltar que, além dos funcionários que se juntaram no pátio da universidade para protestar contra a redução do cabaz, um grupo de estudantes residentes no lar da UEM também pretendia manifestar-se nesta quinta-feira. Eles contestam a decisão da direcção da universidade, que deu um ultimato para que abandonassem os seus quartos durante o mês de Dezembro e passassem a viver com familiares. Contudo, tal manifestação não ocorreu, pois, nas primeiras horas da manhã, os estudantes foram intimidados por carros blindados estacionados em frente às residências.

 

"A direcção da universidade está a mandar-nos embora neste período porque acredita que, quando retornarmos no próximo ano, todos os estudantes, sejam bolsistas ou não, terão de pagar uma renda mensal pelo uso dos quartos do dormitório da UEM. Eles pretendem cobrar até de quem nunca pagou", explicou um dos residentes do lar. (M.A.)

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