Alunos de diversas escolas, principalmente da província e cidade de Maputo, foram impedidos de realizar os exames, pelo segundo dia consecutivo, devido ao boicote protagonizado pelos professores, como medida de protesto contra o não pagamento das horas extras.
Na Escola Secundária Unidade 2, na capital do país, os alunos nem sequer se fizeram às escolas nesta terça-feira e as salas estavam totalmente vazias, incluindo o pátio. A exigência dos professores é a mesma: dinheiro nas contas em troca de controlo dos exames.
Na Escola Secundária de Malhazine, também na capita l do país, a direcção optou em dispensar os alunos logo na segunda-feira, marcando os exames para Janeiro de 2025 porque este ano já não há condições devido à crise dos professores e ao momento turbulento que se vive no país.
Na Escola Secundária Eng. Filipe Nyusi, alguns alunos insistiram e fizeram-se à escola, mas os professores continuam firmes na sua decisão e recusaram-se a controlar o processo de exames. Em alguns, casos tiveram de retirar os alunos das salas de aula.
Em conversa com alguns professores da Escola Secundária da Liberdade, no município da Matola, estes contaram à “Carta” que a direcção tem estado à procura de meios alternativos para garantir que os alunos realizem os exames, mas os professores não aceitam mais dialogar.
“Neste momento, não queremos diálogo, nós só queremos dinheiro nas contas. Já conversamos muito com o Governo e este sempre subestimou a nossa capacidade de raciocínio. Sem dinheiro na mão, não há exames”, gritavam os professores com o apoio dos alunos, na Escola Secundária da Liberdade, no Município da Matola.
“Nós temos horas extras por receber desde 2023 e, noutros casos, a dívida vem desde 2022 até hoje. Tivemos muita paciência com as promessas do Governo, enquanto adquiria grandes máquinas (carros) para os directores distritais e provinciais da educação. Os carros que os nossos chefes usam podiam muito bem minimizar os nossos problemas, mas já deu para perceber que o Governo não paga o nosso valor porque não quer e não porque não tem dinheiro”, disse um dos professores da Escola Secundária da Liberdade.
Já no centro da cidade de Maputo, as direcções das Escolas Secundárias Francisco Manyanga e Josina Machel, consideradas da elite, dizem ter tido um diálogo cordial com os professores, o que permitiu que os alunos realizassem os exames normalmente, apesar de ter sido registado um ligeiro atraso.
Refira-se que os alunos da 10ª classe realizaram os exames das disciplinas de Geografia e Matemática nesta terça-feira. Já os da 12ª classe realizaram os exames de Matemática e História. (Carta)