O MISA-Moçambique manifestou, esta segunda-feira, a sua preocupação com o escalar de ataques contra jornalistas, no âmbito das manifestações populares em curso, cuja terceira fase termina na próxima quinta-feira, em todo país.
Numa nota de imprensa publicada esta tarde, a organização que defende e promove as Liberdades de Imprensa e de Expressão e do Direito à Informação afirmou que a sociedade moçambicana não pode permitir que as clivagens políticas que se vivem, neste momento, “nos levem a perder conquistas civilizacionais como a Liberdade de Imprensa, conseguidas com tantos sacrifícios e até com sangue derramado”.
“Neste momento em que estamos quase todos com os ânimos à flor da pele, pela forma pouco profissional como foram geridas eleições e pela crise daí resultante, devemos ter o discernimento possível para não confundirmos os jornalistas com os protagonistas das situações que estamos hoje a viver. Pelo contrário, os jornalistas são os profissionais que mais precisamos neste momento de crise, para nos fornecerem informação credível sobre os acontecimentos à nossa volta”, defendeu a organização.
Em causa está um conjunto de episódios de ataque verbal e físico a jornalistas, que atentam contra as liberdades de imprensa e expressão, protagonizados por autoridades policiais e manifestantes, no âmbito da crise pós-eleitoral, que desaguou em manifestações públicas e violentas, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Entre os episódios testemunhados e reportados estão o lançamento de gás lacrimogénio contra jornalistas; o arremesso de pedras contra uma viatura da Rádio Moçambique, que culminou com o ferimento de uma pessoa e danos avultados sobre a viatura; ameaças verbais contra a integridade física do jornalista Ernesto Martinho, da TV Sucesso, e a sua família; e a recolha de equipamento de trabalho dos jornalistas pelo Director do SISE, em Mecanhelas, província do Niassa.
Para o MISA, “é inaceitável e não é digno de pessoas civilizadas” atacar a imprensa, “muito menos de quem procura alternativas de governação". Mais do que isso, atacar jornalistas representa um grave atentado contra a Liberdade de Imprensa e à própria democracia, sendo a Liberdade de Imprensa um dos mais importantes indicadores de uma democracia”.
Face a este cenário, o MISA-Moçambique insta às autoridades competentes a adoptarem medidas visando garantir a segurança dos jornalistas e proteger o seu trabalho. (Carta)