Dados divulgados esta quinta-feira (20), pela Associação h2n, indicam que, em 2022, apenas 28 por cento dos jornalistas nas redacções eram mulheres, um aumento de apenas um por cento, comparativamente a 2021, em que eram apenas 27 por cento.
Colectados em 60 órgãos de informação em todo o país, os dados revelam que existe um total de 1.144 colaboradores, dos quais 824 homens e 320 mulheres. De acordo com o relatório, durante a recolha de informação nos diferentes órgãos de comunicação, foram analisados, em todo o país, 20 jornais impressos, seis estações televisivas e 34 rádios comunitárias.
Entretanto, com o objectivo de analisar os conteúdos de género na mídia impressa, foram avaliados nove jornais, dos quais constam o Evidências, Generus, Ikweli, Diário de Moçambique, Zambeze, Domingo, Notícias, O País e Savana. Destes, foram avaliadas duas edições de cada jornal por mês (um total de 234 edições).
No que concerne aos jornais semanários, procedeu-se à apreciação das edições que correspondem à primeira e terceira semana de um determinado mês.
No primeiro Relatório Anual de Género na Mídia, lançado em 2021, foi constatado que há, em média, três homens por cada mulher nos órgãos analisados. Durante o ano de 2022, a Associação h2n voltou a mapear as tendências de igualdade de género nos principais órgãos de informação e encontrou ainda uma clara predominância masculina entre os jornalistas.
O relatório mostra ainda que existem diferenças entre os tipos de meios de comunicação e a rádio comunitária destaca-se como espaço com maior representação feminina. As rádios comunitárias apresentam um total de 669 colaboradores, dos quais 450 homens e 219 mulheres. Em relação às estações televisivas, dos órgãos avaliados existe um total de 165 colaboradores, dos quais 115 homens e 50 mulheres. No entanto, nos órgãos de mídia impressa, há um total de 310 colaboradores, sendo 259 homens e 51 mulheres.
Os dados recolhidos indicam que apenas três em cada dez colaboradores de rádios comunitárias e estações televisivas são mulheres. Os jornais impressos têm menor equilíbrio de género em comparação com as outras Redacções, apresentando quase duas mulheres por cada dez colaboradores. No geral, a pesquisa mostra que há fraca presença feminina em todos os sectores dos órgãos de informação.
O documento mostra que se, por um lado, as rádios comunitárias são as que mais integram mulheres como colaboradoras em ambientes de Redacção, por outro, apresentam menor percentagem de mulheres em posições de liderança, sendo que, das 34 Rádios Comunitárias inquiridas, apenas seis contam com uma mulher como coordenadora. Ou seja, somente 18 por cento dos decisores são mulheres e a percentagem significativamente maior, de 82 por cento, é detida por homens. Nas estações televisivas, 22 por cento dos cargos de liderança são ocupados por mulheres e 78 por cento por homens. Estas posições incluem directores de informação, chefes de redacção, editores-chefes, entre outros cargos. Na imprensa escrita, 25 por cento dos que ocupam cargos de chefia são mulheres e 75 por cento homens.
Através destes dados constata-se que as mulheres continuam com pouca representatividade na mídia. Num universo de 4.965 artigos jornalísticos publicados nos jornais avaliados, foram encontrados 139 artigos de género e 133 com temáticas ligadas à mulher. Deste modo, as pautas referentes aos interesses da mulher representam 5 por cento do total de artigos jornalísticos reportados no período em análise. Apenas três em cada 100 artigos produzidos nos jornais têm como pano de fundo o género.
Por outro lado, em relação à presença de pessoas com deficiência na Redacção, de um total de 1144 colaboradores nos 60 órgãos de comunicação, apenas 16 naquela condição é que se encontram em funções, dos quais dez homens e seis mulheres. De um universo de 4965 artigos, somente foram contabilizados dois artigos sobre pessoas com deficiência. De 7432 fotos encontradas nas 234 edições analisadas, a pessoa com deficiência apenas aparece em 32 fotografias, o que representa 0,06 por cento do total. (Marta Afonso)