O empresário Firoz Mussa Judge, 60 anos, dono da conhecida sapataria Sopropé, na Karl Marx em Maputo, foi solto pelos seus raptores na noite de ontem na zona da Machava, arredores da cidade da Matola, na regiao do Grande Maputo. Firoz, proprietário de um vasto império imobiliário, havia sido raptado no passado dia 5 de Março por volta das 19 horas, designadamente por 4 indivíduos munidos de AKM.
Firoz é libertado do cativeiro mais de um mês e meio depois. Fonte da "Carta" disse que sua soltura só foi possível porque a família pagou um resgate milionário. Durante estes dias, este caso nunca foi abordado pela Polícia, mais uma vez remetida em seu silêncio ensurdecedor.
Ser deixado livre na zona da Machava pode pressupor que o cativeiro de Firoz Judge estava localizado numa zona suburbana. Nunca se sabe. No seu informe ao Parlamento, ontem, a PGR Beatriz Buchile disse que a indústria dos raptos tem estado a operar mudanças tácticas.
Uma sofisticação recente da indústria, disse a Procuradora-Geral da República, prende-se com a mudança dos locais de cativeiros e dos meios e formas de pagamento do valor de resgate. Buchili conta que a prática anterior apontava para a localização dos cativeiros em bairros suburbanos, mas actualmente localizam-se em zonas nobres das cidades, e os pagamentos são feitos em valores avultados e em numerário ou com recurso a moeda criptográfica.
Quando foi raptado em Março, Firoz Judge encontrava-se nas imediações da Burglar Alert, uma empresa de segurança, na companhia de um amigo, Ebrahim Alibhai Issa, identificado como filho do falecido Alibhai Issa, que foi baleado na perna quando tentava impedir o rapto. De acordo com fontes da "Carta", Firoz tinha saído para jantar.
Para além do negócio de sapataria e imóveis, Firoz Mussa é conhecido como um dos mais importantes “agiotas” da cidade de Maputo, havendo quem relacione seu sequestro com isso, suspeitando-se que este rapto se trate de ajuste de contas. Firoz Judge, disse uma fonte, sempre andou com guarda-costas mas, curiosamente, ontem ele estava desprotegido. O rapto aconteceu a cerca de 200 metros do Ministério do Interior. Houve um disparo, que atingiu o companheiro de Firoz, mas ninguém reagiu, como já é habitual.(Carta)