Uma folha salarial referente ao mês de Dezembro emitida pelo Departamento de Administração da Frelimo, indicando que os funcionários do partido no poder serão pagos, na totalidade, o 13º salário, deixou chocada a sociedade moçambicana, por entender ser imoral o pagamento daquele salário naquela formação política, num ano em que os Funcionários e Agentes do Estado (geridos pela própria Frelimo) não terão o mesmo privilégio.
A referida folha salarial, interceptada pela “Carta”, é referente ao Comité Provincial da Zambézia, que tem o seu Primeiro-Secretário Provincial, Paulino Lenço, à cabeça. A mesma indica que a Frelimo gasta, mensalmente, mais de 2.8 milhões de Meticais em salários para os seus quadros da província da Zambézia (incluindo os dos Comités Distritais).
Perante o coro generalizado de indignação social, o partido Frelimo, a nível do Comité Provincial da Zambézia, viu-se obrigado a emitir um comunicado de imprensa, a reagir à circulação daquela folha salarial, alegando distanciar-se da mesma por ser falsa.
Segundo a Frelimo, o documento visa manchar o partido e o seu líder, Filipe Jacinto Nyusi. Explica que a folha salarial em causa apresenta nomes de pessoas que já se desvincularam da instituição e outras que já perderam a vida.
Uma fuga com seringa no rabo
No entanto, a referida folha salarial apresenta carimbo oficial do partido e assinatura de um gestor de recursos humanos da Frelimo. Aliás, na sua reacção, a Frelimo não nega que irá pagar o 13º vencimento, aos seus funcionários, mas apenas a autenticidade do documento.
Porém, uma fonte do partido confirmou à “Carta” a veracidade do documento, mas sublinhou que a sua circulação nas redes sociais criou um “mal-estar” no seio do partido, facto que ditou a emissão do comunicado de distanciamento.
Sublinhe-se que a notícia da incapacidade do Governo em pagar o 13º salário aos Funcionários e Agentes do Estado foi aplaudida pelos deputados da bancada parlamentar da Frelimo, num sinal claro de insensibilidade com a já débil situação económica das famílias moçambicanas.
Refira-se que o pagamento do 13º salário na Administração Pública sempre esteve dependente da disponibilidade financeira. Em 2016, por exemplo, o Estado pagou apenas a metade do 13º salário aos funcionários e agentes sem cargos de chefia e de direcção, enquanto os que assumem estas funções sequer foram pagos. (Carta)