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quarta-feira, 02 novembro 2022 07:27

Picadas de cobras matam quase 9 mil pessoas por ano em Moçambique, principalmente em zonas rurais - estudo

cobras min

O número pode ser superior visto que grande parte das pessoas recorre à cura nos serviços tradicionais e sem registo. As mortes ocorrem por envenenamento, resultante da picada da cobra e estudo revela que "uma em cada oito mordidas de cobra é fatal" em Moçambique.

 

Os dados constam da pesquisa publicada pela Toxicon, uma revista científica de toxinologia, ciência que estuda as toxinas produzidas por microrganismos, plantas e animais.

 

A pesquisa com o título "a incidência de mordidas de cobra na África sub-sahariana rural pode estar severamente subestimada" foi publicada recentemente e foi feita em parceria com várias instituições, incluindo a Universidade Lúrio.

 

Pretende-se com o estudo contribuir para a redução em 50% da incidência de mordidas até 2030, como é proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os autores da pesquisa baseiam-se nas novas estimativas a partir dos resultados de entrevistas a 1.037 agregados familiares de nove comunidades da província de Cabo Delgado. O estudo aponta ainda que é urgente que se façam mais inquéritos às populações para avaliar a amplitude do problema na África sub-sahariana e explorar padrões regionais, tendo como horizonte o desenvolvimento de planos de mitigação.

 

"Apesar de ser uma subavaliação, os níveis de incidência de picadas de cobra são dez vezes maiores" que as estimativas até agora usadas "e o número de mortes aumenta 30 vezes".

 

A pesquisa aponta ainda que, por ano, cerca de 69.200 pessoas sejam picadas por cobras no país. Moçambique acolhe pelo menos 14 espécies de "importância médica", ou seja, cobras cujas mordidas "podem matar ou levar à amputação de membros". Grande parte da população moçambicana (68%) vive em zonas rurais e pratica a agricultura para sobreviver, o que acaba por "expor milhões de pessoas a mordidas de cobra", principalmente na época chuvosa, aponta o documento.

 

Entretanto, uma fonte afecta a um dos hospitais na cidade de Maputo disse recentemente à “Carta” que Moçambique não tem ainda vacinas para pessoas que são picadas por cobras. O jornal contactou o Ministério da Saúde para ter mais detalhes sobre o assunto, mas até ao fecho desta edição ainda não se tinha pronunciado. (Marta Afonso)

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