Finalmente, ele foi detido. Simon Ernesto Valoi. Ou simplesmente, "Navarra", seu nome de guerra porque o modelo Nissan SUV Navarra foi o que ele preferiu anos atrás, quando ainda se dedicava ao roubo de carros.
Simon Ernesto Valoi era também procurado na África do Sul por duas acusações de homicídio. Ele vivia sem ser molestado no vilarejo de Mavodze, em Massingir (Província de Gaza), dentro do Parque Nacional do Limpopo, não muito longe da fronteira com a África do Sul. Ele é considerado como um dos mais notórios caçadores furtivos da região.
“Navarra” vai ser apresentado ao público nesta manhã pelo SERNIC.
Em 2015, "Navarra" ficou conhecido mundialmente. Um jornalista alemão da Revista Der Spiegel juntamente com o fotógrafo sueco Toby Selander tentaram investigar a caça furtiva em Moçambique. A pesquisa levou-os a Mavodze.
Mas foram violentados por gente comandada por "Navarra".
“Os bandidos incitaram os aldeões e ameaçaram-os repetidamente de morte. Quando fomos libertados após horas de interrogatório, o perigo não havia acabado. Porque policias corruptos e funcionários judiciais estavão a trabalhar com os senhores do tráfico. O Procurador de Massingir iniciou uma investigação por invasão de propriedade contra nós e explicou que não poderíamos deixar o país nos próximos cinco dias”.
Para além da descrição da saga, os autores pintaram o seguinte quadro:
Moçambique é desde 1994 uma democracia parlamentar, mas o Estado constitucional moderno ainda não tinha chegado a Massingir. A vila empoeirada é a capital dos chamados os chefes dos caçadores furtivos. Uma terra de homens como “Navarra”.
A notícia da prisão de Navarra correu célere, ontem, entre a turma de conservacionistas moçambicanos. Muito champanhe foi aberto. Mas “Navarra” não é um criminoso qualquer! Ele sempre foi protegido. A questão que se coloca é: até quando ele vai ser protegido? Sua prisão é para valer? (Carta)