O Governo moçambicano disse ontem que a Exxon lhe assegurou a continuidade dos seus projetos de gás natural no norte do país face a informações de que a empresa está a repensar a sua carteira de negócios nos combustíveis fósseis.
“Da parte das empresas, incluindo da Exxon, a indicação que temos foi de reafirmar a aposta no projeto de Afungi, mesmo depois das notícias que foram postas a circular”, afirmou o ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique, Max Tonela.
Tonela falava aos jornalistas à margem do sexto conselho coordenador do seu ministério, que decorre em Pemba, capital da província de Cabo Delgado, norte do país.
Aquele governante avançou que representantes da petrolífera norte-americana visitam Maputo no início de novembro para um ponto de situação em relação aos empreendimentos em Moçambique.
“Temos estado a trocar informações com a Exxon, estando previsto para breve mais um encontro em Maputo, no início do mês de novembro”, declarou.
O Wall Street Journal noticiou na última semana que a petrolífera norte-americana está a estudar a possibilidade de cancelar investimentos como o que está previsto para o norte de Moçambique, citando pressões dos investidores para limitar a aposta em combustíveis fósseis.
Em causa, uma redução das emissões de carbono e, ao mesmo tempo, aumentar o retorno aos investidores, já que a aposta em megaprojetos como o de Cabo Delgado demora vários anos até chegar à fase de maturidade.
De acordo com as fontes citadas pelo Wall Street Journal, não é claro que destas discussões saia uma decisão sobre o investimento em Moçambique, que aguarda ainda pela Decisão Final de Investimento, passo a partir do qual o projeto é irreversível, sob pena de as sanções suplantarem os custos de investimento.
A Exxon já gastou 2,8 mil milhões de dólares (2,4 mil milhões de euros) para adquirir uma posição importante no projeto da Área 4 da bacia do Rovuma, o maior projeto de exploração de gás natural de África subsaariana, mas há vários anos que adia a decisão final sobre a o investimento, que segundo o Governo de Moçambique pode ficar entre os 27 e os 33 mil milhões de dólares (23,2 a 28,3 mil milhões de euros).
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.(Lusa)