É uma tragédia que está a abalar todos apaixonados pela área da protecção e conservação do meio ambiente, em Moçambique. Lara Muaves, de 44 anos de idade, Representante do Fundo Mundial da Natureza (WWF), na província de Inhambane, foi assassinada barbaramente na passada quinta-feira, no bairro da Costa Sol, na Cidade de Maputo.
Lara Muaves foi esfaqueada por malfeitores, após ter sofrido um assalto na sua viatura. Até ao momento, não há detalhes em torno da morte da ambientalista. A vítima tinha uma formação superior em biologia e ecologia pela Universidade Eduardo Mondlane (2000-2006) e um mestrado em Gestão de Recursos Naturais e Meio Ambiente pela James Cook University (JCU), em Townsville, Queensland, na Austrália (2014-2015). Profissionalmente, teve passagem pelo Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto (2006-2009) e, em Janeiro de 2009, juntou-se ao WWF-Moçambique, onde desempenhou as funções de Assistente de Programas Marinhos até finais de 2013, quando saiu para estudar.
Retornada dos estudos, em 2015, foi integrada na WWF –Moçambique, onde esteve engajada na criação de comités comunitários de gestão ambiental em Cabo Delgado (As ‘heroínas’ da apanha do polvo e captura de peixe nas Quirimbas) e no apoio às organizações locais que trabalhavam nas áreas de conservação até em 2020. Entretanto, desde Novembro de 2020 ate a data da sua morte exercia as funções de Representante da WWF-Moçambique em Inhambane, onde já estava a operar mudanças significativas na sua área de actividade.
Após a notícia da sua morte espalhar-se pelo país, algumas individualidades, entre colegas de profissão e governantes, reagiram com dor e consternação à sua morte. O Conselho dos Serviços Provinciais de Representação de Estado de Inhambane escreve que Lara Muaves “esteve engajada na revitalização dos Conselhos Comunitários de Pesca (CCP), apoio em meios de vida para as comunidades pesqueiras, bem como na restauração do mangal, entre outras actividades”.
Já o Administrador do distrito de Vilankulo, Edmundo Galiza Matos Júnior, disse estar “trémulo, arrepiado, incontido e zangado”, pois, tratava-se “de um dos mais brilhantes cérebros de Moçambique, no que a preservação ambiental diz respeito”. O governante revelou que a finada apoiou os esforços para a protecção de Cavalo Marinhos. Apoiou a formação de juízes e magistrados do Ministério Público e agentes da Polícia em matérias de conservação ambiental.
Quem também reagiu à morte de Lara Muaves foi o ambientalista Carlos Serra que, na sua página de Facebook, escreveu: “até sempre, Lara Muaves! A família ambientalista ficou mais pobre com a tua partida precoce. Foi um prazer ter-te conhecido e trabalhado contigo (…)”.
“Carta” contactou o Comando da Polícia da República de Moçambique, na Cidade de Maputo, e o Serviço Nacional de Investigação Criminal também da capital do país para obter detalhes em torno do assassinato da ambientalista, mas sem sucesso.
Referir que Lara Muaves deixa dois filhos, entre eles, uma criança com dois anos de idade. (Omardine Omar)