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BCI
segunda-feira, 07 outubro 2019 06:04

Rússia arrebata contrato de defesa de Erik Prince com foco em Cabo Delgado

Tendo sido suplantado pela Rússia, em meados de Setembro, o Frontier Services Group (FSG), de Erik Prince, retirou os helicópteros que havia colocado em Cabo Delgado para compensar as deficiências do exército moçambicano. Essa acção foi forçada, uma vez que o presidente moçambicano Filipe Nyusi havia simplesmente se recusado a pagar ao fundador americano da empresa anteriormente conhecida como Blackwater.

 

Os Gazelle SA 341 F enviados a Cabo Delgado e equipados militarmente pela Warbird Aircraft Services, na África do Sul, deixaram o Presidente impressionado, e por boas razões: a tripulação permaneceu inactiva enquanto estava em Moçambique. Contratados por três meses e colocados no norte do país em 5 de agosto, não começaram as operações até a visita do Papa um mês depois. O governo, desejando evitar um escândalo durante essa visita, transferiu os Gazzelle para o Parque de Limpopo, no extremo sul. Os helicópteros voaram de volta para Cabo Delgado na noite de 10 a 11 de Setembro.

 

 

Enquanto isso, os acordos de cooperação assinados por Nyusi e Vladimir Putin em 22 de Agosto começaram a dar frutos e as botas russas atingiram o solo moçambicano no início de Setembro. De 24 a 26 de Setembro, um Antonov An-124, pertencente à empresa militar estatal russa 224 Flight Unit, entregou drones num aeroporto de Nampula e um helicóptero Mi-17 equipado para operações de vigilância que também podem ser armadas. Este apoio russo, que é mais substancial e mais barato, levou Erik Prince a sair de Cabo Delgado. No entanto, ele ainda detém ações da Tunamar, que administra os navios Interceptor, de Moçambique.

 

Governo admite reforço de equipamento militar fornecido pela Rússia

 

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, José Pacheco, reconheceu semana passada que a Rússia forneceu equipamentos militares a Moçambique para apoiar as forças governamentais no combate a grupos armados em Cabo Delgado. "Este apoio pontual, que ocorre no âmbito da cooperação com a Rússia, tem a ver com o reforço da nossa capacidade para defender as pessoas e manter a ordem, segurança e tranquilidade pública", disse José Pacheco, durante uma conferência de imprensa momentos após aterrar no Aeroporto Internacional de Maputo, no regresso de Assembleia Geral das Nações Unidas.

 

Fotos do material russo a ser descarregado num aeroporto do norte de Moçambique começaram a circular em Setembro nas redes sociais, associadas a textos sobre uma suposta presença de tropas para apoiar o combate a uma onda de ataques armados que afeta a região há dois anos. “Carta”escreveu sobre o assunto, revelando detalhes inéditos sobre o tipo de equipamento militar.

 

O chefe da diplomacia moçambicana não especificou se, além do equipamento, há militares russos na região - facto negado pela embaixada da Rússia em Moçambique. Também não revelou que tipo de equipamentos nem que quantidade foi fornecida. Em Agosto, o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, visitou a Rússia, tendo, na altura, o Governo de Moçambique manifestado interesse em reforçar a cooperação bilateral, com destaque para a área de defesa e segurança.

 

Alguns distritos da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, são alvo de ataques de grupos armados desde há dois anos, havendo relatos de violência quase todas as semanas, apesar do silêncio das autoridades. (Carta, Lusa e África Intelligence)

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