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quarta-feira, 13 outubro 2021 05:33

Ainda sobre a morte de Mariano Nhongo: Abatido em combate ou executado?

Passavam das 12:00 horas de segunda-feira, quando o país começou a receber as primeiras notícias sobre a morte de Mariano Nhongo, líder da auto-proclamada Junta Militar da Renamo. O que parecia fake news (notícia falsa) até às 14:30 horas, tornou-se num breaking news (notícias de última hora) a partir das 15:00 horas, quando o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou, em conferência de imprensa, o abate, em combate, do dissidente do maior partido da oposição.

 

“As Forças de Defesa e Segurança convocaram a imprensa para comunicar que hoje, dia 11 de Outubro de 2021, cerca das 7 horas e 30 minutos, na província de Sofala, no distrito de Cheringoma, em Mazamba, e nas matas de Njovo, tiveram um combate de encontro com a Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo. Neste combate, resultou na morte de Mariano Nhongo, líder da Junta Militar, e um dos seus seguidores mais próximos”, confirmou Bernardino Rafael, o que já se avançava desde o meio-dia.

 

Entretanto, apesar do anúncio oficial da morte de Mariano Nhongo, ainda pairavam dúvidas sobre a veracidade da informação, assim como sobre as circunstâncias em que Mariano Nhongo foi morto. As dúvidas começaram a ser dissipadas no final do dia, quando foram postas a circular as primeiras imagens do corpo de Mariano Nhongo.

Porém, as imagens levantaram outras questões: terá sido um abate em combate ou uma execução sumária? O facto é que as imagens postas a circular nas redes sociais ilustram um Mariano Nhongo estatelado sem qualquer vestígio de sangue, que possa ter jorrado após ser atingido pelos tiros. Mesmas características eram apresentadas pelo seu companheiro com quem foi assassinado.

 

Para além de não apresentar qualquer vestígio de sangue, as imagens não ilustram qualquer perfuração no seu corpo, assim como do seu companheiro. Suspeita-se que tenham sido envenenados em mais uma execução sumária. Sublinhe-se que é denominada execução sumária toda a operação de assassinato que envolve agentes estatais, cuja vítima não tem capacidade de defesa.

 

Era expectativa de todos que Mariano Nhongo fosse capturado, tal como é desejo dos moçambicanos ver os líderes terroristas capturados. Na conferência de imprensa concedida na última segunda-feira, o Comandante-Geral da Polícia não disse se houve ou não tentativa de capturar Mariano Nhongo, no “combate” que teve lugar nesta segunda-feira, apenas limitou-se a dizer que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) “fizeram de tudo”, ao longo do tempo, para neutralizar o líder da auto-proclamada Junta Militar da Renamo.

 

Refira-se que a morte de Mariano Nhango ocorreu quatro dias depois de o Presidente da República, na qualidade de Comandante-Chefe das FDS, ter exigido o encerramento do dossier Mariano Nhongo, que atacava alvos civis e militares na zona centro do país desde 2019. (Carta)

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