Trabalhadores do empreiteiro indiano (Afcons Infrastructure), responsável pela construção da Estrada Nacional nº 280, que liga o Posto Administrativo de Tica, no distrito de Nhamatanda, ao distrito do Búzi, na província de Sofala, acusam o seu patronato de “maus tratos”.

Numa denúncia feita à “Carta”, os queixosos reportam situações tenebrosas, com destaque para despedimentos sem justa causa e falta de transporte do pessoal para deslocar-se do acampamento ao local da obra e vice-versa, num percurso de 30 Km.

Segundo os denunciantes, sempre que há registo de acidentes de trabalho, as vítimas são expulsas sem que a empresa avance os reais motivos do seu despedimento. Contam ainda que, no caso dos motoristas, trabalham em péssimas condições, começando pelo estado mecânico das viaturas: alegam ser obsoletas, havendo algumas sem o para-brisa.

Entretanto, o principal drama vivido pelos homens responsáveis pela construção daquela estrada, tida como estratégica pelo Presidente da República, é o do transporte de pessoal. Contam que a empresa baniu o transporte do pessoal, tendo deixado cada trabalhador à sua sorte. Revelam que o percurso do acampamento até ao local das obras é de 30 Km, facto que obriga os trabalhadores a pernoitarem nas matas. Aliás, realçam que, mesmo no acampamento, as condições são desumanas, havendo quem não tem sequer um colchão para dormir.

“Carta” não conseguiu obter a reacção da direcção da Afcons Infrastructure. Há dias que a nossa reportagem tem vindo a tentar estabelecer contactos com a direcção da empresa, mas sem sucesso.

Refira-se que as obras da Estrada Tica-Buzi estão avaliadas em cerca de 130 milhões de USD, numa extensão de 134 Km. As obras incluem asfaltagem e a construção de 13 pontes, das quais 11 de pequena dimensão. A empreitada emprega 1.400 trabalhadores moçambicanos, sendo que a obra será entregue no próximo mês de Setembro. (O.O.)