Sir Motors
As graves alegações sobre a gestão errática do CEDSIF (Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Finanças), publicadas por este jornal, e numa altura em que a entidade está a transitar para Instituto Público, devem ser alvo de um inquérito independente.
O Governo está a transformar uma entidade em Instituto Público sem que a mesma reúna os requisitos necessários em termos de receita, numa complacência gravosa com a fatal perspectiva da nova entidade se tornar num mero sugador do dinheiro dos contribuintes.
Nos últimos anos, o CEDSIF tornou-se mais famoso por causa da sua porosidade a fraudes. Pelo menos duas fraudes foram detectadas, investigadas e julgadas. Mas as brechas que permitiram que elas ocorressem não foram sanadas ao nível dos sistemas.
Regra geral, os sistemas informáticos do SISTAFI falham. A informação financeira que se envia ao Banco de Moçambique não está mascarada. Qualquer um que lhes tiver acesso por ler os valores e o destinatário. Os administradores das Base de Dados têm as mesmas palavras-passa. Os processos de produção são cada vez mais manuais e não automatizados. Pior, verifica-se cada vez mais uma atribuição de VPN (acesso remoto aos sistemas) sem análise de risco e sem delimitação de acessos. Só em 2020 foram atribuídos 46 VPNs. Grave!
Estas alegações não decorrem de um simples impulso persecutório, como muitos podem pensar. Decorrem de várias conversas com quadros do CEDSIF. São essas conversas com esses quadros, a título de inquérito, que o Governo devia desencadear. Já! Já! Basta de fazer ouvidos de mercador! (M.M.)
