Já estão sendo “devolvidos” a Palma os trabalhadores da IFS (Internacional Facility Service), uma das empresas sub-contratadas pelo consórcio (CCS JV) responsável pela construção da fábrica de Liquefação do Gás Natural (LNG, sigla em inglês), que estavam “abandonados” no Centro Transitório do bairro Eduardo Mondlane, na cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado.
O processo iniciou no último domingo, três dias depois de a “Carta” ter noticiado que cerca de 30 trabalhadores, naturais de Palma, haviam sido abandonados no Complexo Desportivo de Pemba, local que acolhe as vítimas do ataque terrorista do passado dia 24 de Março, em Palma.
Em conversa com “Carta”, Júlio De Lemos, Director-Geral da IFS, garantiu que, até esta terça-feira, 22 trabalhadores encontravam-se em Palma, depois destes terem pressionado a empresa a regressar ao seu local de origem, apesar do clima de insegurança que ainda reina naquela sede distrital.
Entre os “repatriados”, até ao momento, estão quatro indivíduos que se encontravam no centro transitório, sendo que os restantes (18) encontravam-se em alguns estabelecimentos hoteleiros, em Pemba, onde cumpriam uma quarentena, no âmbito da retoma das actividades de construção da Fábrica de LNG. Assegura que não era desejo da empresa devolvê-los a Palma, porém, por insistência destes, acabou cedendo.
De Lemos explicou que a escolha do Centro Transitório do bairro Eduardo Mondlane para albergar os 31 trabalhadores da empresa – que chegaram a Pemba idos da capital do país (onde também cumpriam uma quarentena) – deveu-se, por um lado, à falta de espaço nos estabelecimentos hoteleiros da cidade de Pemba e, por outro, por ser o único ponto onde o grupo provavelmente podia localizar os seus familiares, tendo em conta que a vila estava incomunicável e as pessoas estavam sendo evacuadas para a cidade de Pemba.
“Quando chegamos a Pemba, não havia quartos disponíveis e conversamos com o INGD [Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres], no sentido de encontrarmos um local para hospedar os nossos trabalhadores. Também estavam preocupados em localizar os seus familiares e não sabíamos como proceder e a única solução foi colocá-los no Centro Transitório”, disse De Lemos, sublinhando que o grupo (dos 31 trabalhadores) foi cumprir a quarentena em Maputo, exactamente por não haver espaço suficiente nos hotéis de Pemba.
Questionado pela “Carta” porquê a empresa não prestava assistência aos trabalhadores que se encontravam no Centro Transitório, tal como o fazia com os que estavam acomodados nos hotéis, este respondeu que propôs ao grupo a possibilidade de este arrendar casas em Pemba, porém, custeando as despesas com o seu próprio bolso, pois, a empresa continua a pagar os seus salários. A proposta não foi aceite.
Referir que os trabalhadores da IFS saíram de Palma, na manhã do dia 24 de Março, tendo tomado conhecimento do ataque terrorista, minutos após a sua chegada em Maputo. Alguns contaram ter perdido os seus familiares e outros revelaram ter perdido os bens. (A.M.)