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segunda-feira, 19 abril 2021 08:03

Gestores dos Aeroportos de Moçambique dizem não ter única solução para tirar empresa da falência

A empresa pública Aeroportos de Moçambique está, à semelhança de tantas outras, com as contas no vermelho, em situação de falência. O mais agravante é que os actuais gestores da empresa dizem-se sem solução para reverter a situação financeira crítica, mas garantem estar a estudar várias hipóteses para esse efeito.

 

“Em ciências económicas não há única solução. Recapitalizar a empresa é uma via, sanear os financiamentos, através de encontros de contas entre os fornecedores e clientes. Outra via pode ser reestruturar os financiamentos em função da tesouraria da empresa. Concessionar os aeroportos e diversificar o negócio, são outras vias. Neste momento, colocamos as várias hipóteses para tornar a empresa sustentável. Estamos agora a estudar com especialistas”, explica Saíde Júnior, Administrador Financeiro da empresa, em entrevista à “Carta”.

 

O nosso entrevistado afirmou que nenhuma dessas soluções merece maior atenção dos gestores, pois, os Aeroportos de Moçambique acreditam ainda na possibilidade de combinação de soluções, tudo, com vista a reverter o actual cenário financeiro débil.

 

Questionado sobre quando os estudos vão terminar, o Administrador Financeiro dos Aeroportos de Moçambique não precisou datas, mas referiu que o trabalho se enquadra no plano quinquenal da empresa.

 

“O nosso plano estratégico, 2019-2024, já traça que, durante o período, a empresa tenha um rumo de orientação em relação ao seu futuro. E, nós vamos ter de encontrar a solução durante o período definido pelo plano estratégico”, disse Júnior.

 

O estado financeiro dos Aeroportos de Moçambique é, actualmente, caracterizado por prejuízos principalmente financeiros, resultantes de avultados investimentos feitos nos anos anteriores e cujos resultados foram mal projectados (como o empréstimo de 125 milhões de USD para a construção do aeroporto internacional de Nacala, actualmente um elefante branco) e isto significa altos juros a pagar; que a empresa tem amortizações (dos investimentos) avultadíssimas a fazer anualmente.

 

Mesmo sem precisar números, o Administrador Financeiro sublinhou que as contas da empresa estão numa situação indesejável, de tal modo que os seus “fundos próprios tendem perigosamente a negativo e isto não é bom para qualquer organização”. “Este facto deve-se, por um lado, pelos custos financeiros que empresa tem e, por outro, por causa de imparidades que tem vindo a registar”, sublinha.

 

Refira-se que, em Relatório e Contas referente ao exercício económico findo a 31 de Dezembro de 2018, o auditor, a Deloitte, afirmava que o facto de os passivos correntes da empresa (avaliados em 5.7 mil milhões de Meticais) exceder os activos correntes (em 3.8 mil milhões de Meticais, “indica a existência de incerteza que pode colocar em dúvida sobre a capacidade da entidade em se manter em continuidade”. Com a crise pandémica que arrasou o negócio dos aeroportos, a situação financeira da empresa tendeu certamente a piorar.

 

Todavia, Júnior desdramatiza o facto e afirmou que a empresa vai continuar a operar. O facto é que, enquanto não se encontrar a solução para a devida revitalização, os Aeroportos de Moçambique vão, certamente, continuar em decadência. (Evaristo Chilingue)

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