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quinta-feira, 08 abril 2021 07:30

Invasão a Palma: Nyusi retrata-se e considera “legítima” a preocupação do mundo

Uma semana depois de ter dito que os moçambicanos não podiam perder o foco e muito menos ficarem atrapalhados, em relação ao ataque terrorista registado no distrito de Palma, norte da província de Cabo Delgado, no passado dia 24 de Março e que durou 11 dias, o Chefe de Estado mudou de linguagem, considerando “legítima” a preocupação do mundo.

 

Num discurso de lavagem de imagem, proferido esta terça-feira, em Maputo, no âmbito da comemoração do Dia da Mulher Moçambicana, Filipe Jacinto Nyusi reiterou que o ataque à vila-sede de Palma, assim como a outras regiões da província de Cabo Delgado, “não era apenas um assalto a uma povoação de Cabo Delgado”, mas uma agressão contra o nosso país.

 

“Compatriotas, nas últimas semanas, a situação em Cabo Delgado tem recebido muita atenção nacional e internacional, na sequência dos recentes ataques terroristas na vila de Palma. Toda essa atenção é legítima. Toda esta preocupação que vivemos no mundo solidário que não permanece indiferente perante o sofrimento dos outros”, considerou Filipe Nyusi, retratando-se da sua intervenção repugnante, feita no distrito de Matutuine, província de Maputo, aquando da inauguração da Delegação Distrital do INSS (Instituto Nacional de Segurança Social).

 

“O que sucedeu em Palma, como o que sucedeu antes em outras regiões, não era apenas um assalto a uma povoação de Cabo Delgado. A agressão que nos fazem os terroristas é contra Moçambique, é contra todos nós. O terrorismo é sempre uma agressão contra toda a humanidade”, defendeu Nyusi, para quem não é hora de se cantar vitórias.

 

“Não pretendemos, mais uma vez, proclamar vitória porque temos a plena consciência de que estamos a lutar contra o terrorismo. Estamos perante uma guerra sem quartel, mas nesta batalha reafirmamos a certeza de que, se estivermos unidos, somos capazes de vencer”, garantiu, sublinhando que as Forças de Defesa e Segurança (FDS), para além de retomar o controlo do distrito de Palma, também resgataram mais de 500 pessoas, entre homens, mulheres e crianças.

 

Governo continua a avaliar a ajuda internacional

 

Enquanto os terroristas vão espalhando pânico e luto, em nove distritos da província de Cabo Delgado, o Governo continua a avaliar a ajuda internacional, não havendo, até ao momento, resultados concretos, avaliando pelo discurso do Presidente da República e também Chefe do Governo e Comandante-em-Chefe das FDS.

 

“O Governo já manifestou, perante a comunidade internacional, as suas necessidades face ao combate ao terrorismo. Esse apoio bilateral ou multilateral está a ser avaliado, sabendo quais são as áreas em que carecemos de ajuda e quais as áreas que nos compete a nós, como moçambicanos. Os que chegarem de fora não virão para nos substituir. Virão para nos apoiar. Não se trata de orgulho vazio. Trata-se de sentido de soberania. Trata-se de saber que nenhuma guerra é vencida, se não for claro desde o início: o que deve ser feito pelo próprio país e o que deve ser feito pelos aliados”, disse Filipe Nyusi.

 

Aliás, para Filipe Nyusi, o que se passou em Palma é “um exemplo claro do que podemos fazer quando estamos unidos”, mas, na sua óptica, “o que tem sucedido em Cabo Delgado é também um bom exercício para revelar onde podemos e devemos receber apoio.”

 

Lembre-se que, em Setembro do ano passado, o Governo, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, pediu apoio junto da União Europeia na área de treinamento militar especializado para combater o terrorismo e a insurgência. Até hoje, o que se sabe é que a organização respondeu favoravelmente ao pedido, porém, não se sabe em que estágio o mesmo está.

 

Em Março último, os Estados Unidos da América anunciaram o início de um programa de formação militar de fuzileiros moçambicanos, com vista à prevenção da propagação do terrorismo e do extremismo violento.

 

Refira-se que a invasão a Palma causou a morte de dezenas de pessoas e milhares de deslocados, alguns encontrando-se na cidade de Pemba e outros na fronteira com a República Unida da Tanzânia, de onde foram devolvidos. (Carta)

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