Até finais de 2019, era “braço-direito” de Mariano Nhongo – durante a formação e afirmação da auto-proclamada Junta Militar da Renamo, grupo dissidente do maior partido da oposição, Renamo, que protagoniza ataques militares nas províncias de Sofala e Manica – porém, hoje, apresenta-se como “detractor” do seu anterior Chefe.
Chama-se João Machava, nome de guerra atribuído a Leonardo Munguambe, que, em entrevista conjunta ao Notícias, Rádio Moçambique e STV, caracterizou Mariano Nhongo como “um dirigente que não quer ouvir o que as pessoas falam”, pelo que “as coisas não correm bem”.
Machava, que aderiu, em 2020, ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens da Renamo, na província de Inhambane, explicou que se juntou à auto-proclamada Junta Militar da Renamo porque acreditava na causa que desencadeou a luta, porém, percebeu que, ao meio do caminho, o grupo tinha perdido o seu foco: a resolução dos problemas internos na Renamo e não atacar viaturas.
“O programa, no geral, era resolver os problemas dentro do partido e não andar a matar pessoas. Mas com um dirigente como Mariano Nhongo, que não quer ouvir o que as pessoas falam, as coisas não correm bem”, disse Machava, sublinhando que o facto levou muitos guerrilheiros a desistir do grupo.
Machava afirmou que a única base forte que apoiava Mariano Nhongo era a de Mabote, com mais de 170 homens, mas todos já se juntaram ao processo de DDR por não acreditarem mais em Mariano Nhongo.
Segundo João Machava, Mariano Nhongo deve estar isolado pois, por um lado, perdeu o apoio da maior base do seu movimento, a de Mabote, que contava com 170 homens e, por outro, mesmo quem ainda pertence ao grupo, já não encontra motivos para lutar. “Se fosse Mariano Nhongo, não precisaria ser perseguido, mas juntar-me ao processo de DDR e resolver os problemas dentro do partido”, atirou Machava.
Referir que Mariano Nhongo tem sido apontado como o principal entrave para a materialização do processo de DDR. O Presidente do Grupo de Contacto, Mirko Manzoni, chegou a afirmar que Mariano Nhongo era inflexível e que também não se abria espaço para o diálogo. (Carta)