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Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

segunda-feira, 04 janeiro 2021 07:01

Venda de testes de Covid 19: o que tem a dizer senhor Ministro da Saúde?

Na última quinta-feira, “Carta” fez uma exposição dramática. Testes de Covid 19 estão a ser vendidos em Maputo, numa rede implantada no Instituto Nacional de Saúde. (INS) Não foi conversa fiada. Publicamos evidências. Na azáfama das festas, parece que ninguém ligou. Pelos menos aqui neste jornal não fomos contactados, nem pela Saúde nem pelo Sernic, no quadro de um apuramento oficial. Hoje publicamos novamente o artigo, mostrando um caso gravíssimo para a saúde pública e para a credibilidade das instituições. Esperamos uma declaração pública do MISAU sobre este caso.

 

O que antes constituía um espanto – quando recebemos denúncias (há dias) de que testes com resultados negativos sobre a Covid-19 para a realização de viagens ao estrangeiro estavam à venda no mercado negro, nos corredores de centros de saúde e em automóveis de alguns funcionários – acabou por se confirmar esta quarta-feira.

 

Uma investigação jornalística realizada pela nossa reportagem conseguiu adquirir um exame negativo sem que o mesmo tenha sido testado por algum especialista recomendado.

 

Conforme demonstra o documento em nossa posse com os timbres do Instituto Nacional de Saúde (INS) e as assinaturas de funcionários afectos ao Centro de Saúde da Polana Cimento, na avenida Patrice Lumumba e em ruas sem movimento, nas proximidades do Comando provincial da Polícia e do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC).

 

Os exames são vendidos a preços que variam de 3 mil meticais a 3. 500 Meticais. Ao requerente apenas é solicitado o respectivo documento de identificação mediante o pagamento de 50% do valor total acima mencionado. Entretanto, o processo de aquisição do "relatório confidencial" é bastante tenebroso, sendo o requerente obrigado a entrar em zonas ou ruas fechadas e rodeado de pessoas que não piscam os olhos até a sua saída.

 

Segundo fomos orientados após a aquisição do documento, o mesmo só deveria ser violado na fronteira por funcionários ali escalados e não em outro local. Conforme "Carta" constatou, o esquema não envolve apenas um ou dois funcionários, mas uma rede maior que começa da segurança até aos directores de alguns centros de saúde da capital do país. De acordo com o documento em nossa posse, a colheita para amostra zaragatatoa – NASO – Orofaringeo é feita num dia e a entrega é dois dias depois, entretanto, os relatórios dos exames já foram feitos e apenas acrescentam-se os nomes, a idade e o sexo.

 

De salientar que há meses, as autoridades nacionais contradisseram-se quando denúncias de gênero foram reportadas na fronteira de Ressano Garcia. Facto é que "Carta" viveu in loco os contornos de como o grupo actua. (Carta)

 

 

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