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quinta-feira, 26 novembro 2020 06:10

MIREME propõe três modelos de transporte interno do gás da bacia do Rovuma: camiões, navios metaneiros e gasoduto

 

O início da produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) nas Áreas 1 e 4 da bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, está à porta. Aliás, as previsões optimistas apontam para entre 2022-2024. Com o aproximar dos anos, a construção de infra-estruturas de transporte e distribuição de gás natural impõe-se. É neste quadro que o Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) apresenta, esta quinta-feira, as opções de desenvolvimento de infra-estruturas de transporte de GNL.

 

A instituição liderada por Ernesto Max Tonela apresenta três modelos, acompanhados dos respectivos prós e contras. São eles, o transporte de GNL por camiões, navios metaneiros e por gasoduto.

 

No entanto, dos três, apenas dois, de acordo com o documento a que “Carta de Moçambique” teve acesso, à partida, parecem responder no curto, médio e longo prazos às exigências impostas por aquele estruturante projecto para o país, obedecendo as fases (baixa, média e alta demanda) que o mesmo vai seguir após o início da produção: o transporte de GNL por navios metaneiros e por gasoduto.

 

Para a procura de gás natural no país e na SADC, o MIREME aponta para três cenários. O de Baixa Demanda (demanda dos projectos industriais e de geração de energia identificados ou aprovados pelo Governo); Média Demanda (entrada de potenciais novos projectos cuja probabilidade é intermédia); e Alta Demanda (visão futura e optimista).

 

De acordo com a proposta a que tivemos acesso, o transporte GNL por camiões responde aos três níveis de demanda, mas circunscreve-se às regiões onde se localizam os Hubs. Diz também o documento que é uma opção de alto risco operacional e ambiental, apesar de gerar vários empregos durante a operação; baixos investimentos e altos custos operacionais; e prevê um movimento diário mínimo de 45 camiões no início da operação e máximo de 580 no pico por cada região.

 

No entanto, este modelo não responde ao desafio de distribuição do gás ao longo de todo o país. O transporte em Navios Metaneiros assenta na instalação de infra-estruturas de recepção, armazenamento e regaseificação de GNL nos Hubs portuários de Nacala, Beira e Maputo. Este, diz o MIREME, encaixa-se nos primeiros estágios de desenvolvimento do mercado do gás. Ou seja, no cenário de baixa à média demanda. Este modelo, refere o documento, gera vários empregos se conjugado com o transporte por camião; representa alto risco operacional e ambiental e investimentos e custos operacionais médios. A média de investimento é de 180 milhões de USD FSRU (Flutuante de Armazenamento e Regaseificação)

 

Para o caso do transporte por Gasoduto é adequado para cenários de média e alta demanda, que se caracterizam por contratos de fornecimento de gás de longo prazo para viabilizar a construção de infra-estruturas. Esta opção de transporte demanda um investimento na ordem de 5 biliões de USD, um investimento elevado compensado pelo baixo custo operacional.

 

Este modelo, aponta o estudo do MIREME, é a opção que satisfaz o desafio de desenvolvimento de infra-estruturas de distribuição de gás pela extensão do país. O mesmo gera elevados empregos na fase da construção e um número reduzido na fase operacional.

 

Entretanto, o MIREME destaca a necessidade do desenvolvimento faseado das infra-estruturas de transporte de Gás Natural Liquefeito (GNL) por forma “mitigar o investimento e permitiria o desenvolvimento do mercado de gás natural em Moçambique e para região”.  

 

Neste prisma, o MIREME enquadra o desenvolvimento em duas fases de implementação. A primeira (2022-2035), que compreende a instalação de infra-estruturas de recepção, armazenamento e regaseificação de GNL nos Hubs portuários de Nacala, Beira e Maputo; transporte por camiões dos Hubs aos consumidores finais; e sem descurar da planificação da construção do gasoduto de Palma à Maputo.

 

E a segunda fase (2035-2040) está reservada da operacionalização da opção do transporte do Gás Natural Liquefeito por via do Gasoduto que partirá de Palma à Maputo.

 

O cenário de Baixa Demanda, descrito como conservador, irá necessitar de um volume de Gás de cerca de 702 milhões de pés cúbicos (297 Milhões de gigajoules/ ano). O de Média Demanda (entrada de novos projectos) vai precisar de um volume de gás de cerca de 1358 milhões de pés cúbicos (575 Milhões de gigajoules/ano). Já o de Alta Demanda (cenário optimista) vai necessitar de um volume de gás de cerca de 2683,2 milhões de pés cúbicos (1. 124 Milhões de gigajoules/ano). (Ilódio Bata)

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