A constante mediatização dos actos bárbaros cometidos pelos terroristas, assim como dos passos dados pelo grupo terrorista e pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), na província de Cabo Delgado, estão a preocupar o Chefe de Estado, que acredita haver uma onda de desinformação nas redes sociais, assim como nos órgãos de comunicação social. A preocupação foi manifestada na manhã desta quarta-feira, na cidade de Maputo, durante a abertura do XXI Conselho Coordenador do Ministério da Defesa Nacional (MDN).

“Entre as ameaças à nossa unicidade e moçambicanidade, constatamos a tendência crescente da desinformação e a tentativa de manipulação da opinião pública, decorrendo da mediatização, inversão de factos e a sua difusão, fazendo uso das plataformas das redes sociais. Preocupa-nos também que, nesta saga de distorção da realidade na divulgação de irrealidades, estejam a ser utilizados alguns órgãos de informação, que ao invés de pautarem pelo profissionalismo, acabam, deliberada ou inocentemente, agindo em vantagem dos inimigos ou dos terroristas”, disse Filipe Jacinto Nyusi, sem citar nomes dos órgãos de comunicação ou factos que tenham sido manipulados.

Dirigindo-se aos quadros do Ministério da Defesa Nacional e das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), o Presidente da República exigiu destes a responsabilidade de apurar a veracidade dos factos relatados nas redes sociais e nos órgãos de comunicação social, assim como investigar a proveniência dos dados relatados.

“Queremos exortá-los a tudo fazerem para apurar a veracidade dos factos. Estarem atentos a qualquer tendência de difundirem quaisquer imagens ou notícias. A vigilância deve partir de vocês mesmos. Não podem ser denegridos deliberada e passivamente e estarem a assistir sem responsabilizar esse tipo de compatriotas”, defendeu o Magistrado número um da Nação.

No seu discurso, o Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança instou as forças moçambicanas a intensificarem o seu trabalho operativo contra os terroristas; a reforçarem o nível de controlo das fronteiras terrestre, costa marítima e das águas interiores; assim como na melhoria da capacidade combativa das nossas forças, mediante uma preparação criteriosa, permanente e especialização, sobretudo, no domínio do uso do equipamento de combate.

Refira-se que a ideia de desinformação começou a ganhar corpo, após os últimos ataques terroristas, ocorridos no distrito de Muidumbe, onde os insurgentes mataram mais de uma centena de pessoas. A notícia, que chocou o mundo, mereceu um desmentido por parte do Governador da província de Cabo Delgado, Valige Tawabo, entretanto, dias depois o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique falaria numa reconquista da vila-sede daquele distrito. (Omardine Omar)