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terça-feira, 15 setembro 2020 04:24

Henriques Dhlakama acusa Ossufo Momade de ser “ditador”

Está declarada a guerra entre Ossufo Momade, actual presidente da Renano, e Henriques Dhlakama, filho mais velho de Afonso Dhlakama, que semana finda manifestou o desejo de concorrer às Eleições Gerais de 2024.

 

É que Henriques Dhlakama não “engoliu” as recentes declarações do actual presidente do partido, do qual o seu falecido pai é um dos líderes fundadores, quando instado a pronunciar-se sobre a sua candidatura. Apar de considerar de “expressão de uma opinião pessoal”, Dhlakama acusou o actual líder da Renamo de ser um ditador.

 

Ossufo Momade disse, no passado sábado, no decurso de uma visita que efectuou à província de Nampula, que Henriques Dhlakama não terá qualquer apoio do partido do qual é, actualmente, dirigente máximo. Momade disse, igualmente, que o filho de Dhlakama não estava a fazer outra coisa senão o usufruto de uma prerrogativa que a lei-mãe, a Constituição da República, lhe reserva ao manifestar o desejo de concorrer às próximas eleições presidenciais.

 

Através da sua assessoria de comunicação, Henriques Dhlakama disser haver prova inequívoca da ditadura que, actualmente, impera no partido, vincando que as bases não vão permitir a materialização do desígnio apregoado pela direcção do partido.

 

Apesar das reservas quanto à autenticidade das declarações, Dhlakama disse que as mesmas resultaram de algum desconforto da parte de Ossufo Momade e, ainda, graves para a democracia interna (na Renamo) por terem sido proferidas sem que as bases tenham sido, previamente, consultadas.

 

“Assim, o Sr. Henriques Dhlakama entende que, a terem ocorrido as declarações, terão sido apenas fruto de um eventual desconforto por parte do Sr. Ossufo Momade. Seria no mínimo estranho e no máximo muito grave para a democracia interna partidária na Renamo; uma recusa de apoio da Renamo à candidatura à presidência da República por parte do Sr. Henriques Dhlakama, não tendo sido consultadas as bases. O Sr. Henriques Dhlakama entende que face a decisões vitais, para vida do seu partido e do país, não ver o seu líder consultar as bases partidárias é uma ditadura. Assim, está convencido que não é o caso da Renamo, pois, as suas bases nunca permitirão que alguém decida unilateralmente, numa decisão que diz respeito ao futuro de cada um e das suas famílias- diferença entre um Moçambique na mesma, ou um futuro melhor”, disse Henrique Dhlakama.

 

Henriques Dhlakama acrescenta que a actual direcção máxima da Renamo está a revelar a falta do sentido de realidade, uma vez que desde que anunciou a sua candidatura tem recebido apoio pessoas anónimas e daquelas que chamou de “estruturas internas da facção da Renamo, liderada pelo Sr. Ossufo Momade”.

 

Na nota de reacção às declarações de Ossufo Momade, o filho de Afonso Dhlakama auto-intitula-se candidato que quer representar a todos os moçambicanos, apesar de estar alinhado ideologicamente com a Renamo.

 

O filho de Afonso Dhlakama anunciou, recorde-se, na sua página oficial do facebook, que pretende candidatar-se às Eleições Gerais de 2024, altura em que Filipe Nyusi, actual Presidente da República, termina o seu segundo e último mandato à luz da Constituição da República.

 

Henriques Dhlakama entra para política pela mão de um antigo espião português, no caso Rubem Miguel Ribeiro, dono da empresa de consultoria e lobbying denominada por IntellCorp. A IntellCorp tem estado servir a família Dhlakama há mais de um ano, fornecendo aconselhamento e serviços de comunicações.

 

Entretanto, importa salientar que o actual presidente da Renamo enfrenta, sabe-se, uma onda de contestação que tem à cabeça Mariano Nhongo, líder da auto-proclamada Junta Militar da Renamo. Este movimento tem, publicamente, exigido a saída de Ossufo Momade da presidência da Renamo, posição a que acendeu no congresso realizado em Janeiro de 2019, na Serra da Gorongosa.

 

Ao grupo, é imputada, pela Polícia da República de Moçambique (PRM), a autoria moral e material dos ataques armados a alvos civis e militares nas províncias de Sofala e Manica, região centro do país.

 

Mariano Nhongo e seus correligionários têm defendido a saída de Ossufo Momade da presidência da Renamo sob argumento de que este não representa a “vontade” e os “interesses” dos “verdadeiros” militantes da Renamo. (I. Bata)

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