Na noite do último sábado, 15 de Agosto, a classe empresarial e a comunidade indiana, residente no país, voltaram a ser abaladas pelo crime de rapto, com o sequestro, no bairro de Maquinino, na cidade da Beira, capital provincial de Sofala, do filho do proprietário “Formosa” – uma casa de venda de bebidas alcoólicas e outros produtos – Rajiv Nitin.
O crime aconteceu dias depois de a província de Maputo também ter testemunhado a mesma barbaridade, com o rapto do empresário Artur António Magaia, proprietário da Magaia Resort, sediada no município da Praia de Bilene, província de Gaza. O crime aconteceu na noite da passada terça-feira, no bairro Belo Horizonte, no distrito de Boane.
Benjamina Chaves, Directora do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), a nível da província de Maputo, disse à Agência Lusa que tudo está a ser feito para resgatar o empresário e responsabilizar os raptores. Porém, fonte do SERNIC revelou à nossa reportagem não existirem informações precisas sobre o paradeiro de Magaia.
Entretanto, mais do que abordar os últimos dois raptos que abalaram o país, na semana finda, o presente artigo visa dar continuidade ao artigo publicado no passado dia 23 de Julho, no qual trouxemos alguns detalhes que caracterizam este tipo de crime, já enraizado no nosso país. Nesta edição, trazemos alguns detalhes sobre o tráfico de drogas e de armas de fogo.
Uma investigação feita pela nossa reportagem, na província de Cabo Delgado, concluiu que a explosão do barco, que transportava 1.500 Kg de heroína, em Dezembro de 2019, deveu-se à traição entre os agentes nacionais, envolvidos na operação. Uma fonte da “Carta” afiançou que um dos agentes terá alertado os 12 cidadãos iranianos sobre a operação. Aliás, as fontes narram ainda que alguns agentes participaram num esquema de desvio de mais de 100 Kg da droga apreendida pelas autoridades moçambicanas.
Refira-se que, nas últimas semanas, a Polícia da República de Moçambique (PRM) comunicou a apreensão de diversas armas de fogo em “mãos alheias”, porém, tal como em outras ocasiões, não revelou os proprietários legais das referidas armas e muito menos como as mesmas foram parar nas mãos dos supostos criminosos.
Por exemplo, no bairro Chali, no Distrito Municipal de KaTembe, na cidade de Maputo, a PRM apreendeu, há dias, seis armas de fogo, sendo duas espingardas (calibre 22mm), com os números 190190 e 101412 e quatro pistolas das marcas Dadix Axitr, Erma, FN e Mark-III, com os números 655, 768722, 9018, respectivamente; um carregador de pistola; uma bolsa de espingarda; e 57 munições de pistola. De acordo com a corporação, o material (bélico) foi abandonado por indivíduos até aqui não identificados, quando se aperceberam da patrulha policial.
Na província do Niassa, concretamente no povoado de Namapire, distrito de Mandimba, foi encontrada uma arma de fogo de tipo AK-47, com o nº BA1021, contendo 24 munições no carregador. A mesma foi abandonada por indivíduos também não identificados, num campo de cultivo agrícola.
Já nos distritos de Maúa e Marrupa, também na província do Niassa, foram detidos três cidadãos, de nomes A. Sadique, A. Taiare e V. Victor, por terem sido encontrados na posse de três armas de fogo, sendo uma AK-47, com o nº 3544 e duas semi-automáticas SKS nºs 24204291 e 1725417.
Na província de Manica, no distrito de Machaze, apreendeu-se uma arma de fogo do tipo pistola, com a marca Walter, com o nº 122625, calibre 9mm e duas munições no carregador. Na ocasião, foram detidos dois cidadãos de 18 anos de idade.
Por seu turno, no Município da Matola, província de Maputo, a PRM deteve um cidadão, de nome M. Massingue, de 23 anos de idade, na posse de uma arma de fogo do tipo pistola SP2M. No Posto Administrativo de Panjane, distrito de Magude, foi encontrada uma arma de fogo de tipo caçadeira CZ550, calibre 375mm, com o nº G5067 e quatro munições. Os indivíduos também não foram localizados.
Algumas fontes policiais, assim como alguns criminalistas, garantem que o número de armas apreendidas supera o número revelado pelas autoridades e que algumas acabam voltando para as mãos dos criminosos. Aliás, a falta de vontade política é apontada como uma das razões que influencia a não investigação da proveniência das armas apreendidas nas mãos dos criminosos. (Omardine Omar)