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sexta-feira, 24 julho 2020 03:52

“Extremistas, narcotraficantes e furtivos usam espaços não governados e sem patrulhamento em Moçambique” – defende governante norte-americana

Heather Merritt, vice-Secretária do Gabinete Internacional dos Assuntos de Narcóticos e Fiscalização, do Departamento de Estado, nos Estados Unidos da América, defende que os traficantes de droga e extremistas violentos têm usado o espaço não governado, devido à extensão da linha costeira do país.

 

Respondendo a uma pergunta sobre Moçambique, relacionada directamente à província de Cabo Delgado, durante uma conferência regional que abordou sobre os esforços dos EUA no combate ao tráfico de droga em África, Heather Merritt afirmou haver pouco patrulhamento e alcance limitado de fiscalização policial, pelo que “tem sido uma vantagem para essas redes perigosas que querem explorar o local”.

 

Segundo a especialista, há sobreposição de interesses entre traficantes de drogas e os extremistas e que Moçambique dispõe de condições favoráveis para o sucesso das suas actividades.

 

“Em Moçambique, a minha secção, no Departamento de Estado, está a trabalhar de forma próxima com a DEA [Administração de Repressão às Drogas dos Estados Unidos], com o governo moçambicano e com o Gabinete Contra as Drogas e Crime das Nações Unidas (UNODC) para produzir alguma capacidade de interromper algum crime organizado transnacional, com patrulhamento mais eficaz e também trabalhamos de certa forma com o sistema judicial, para abrir processos em casos marítimos e tentando aumentar a cooperação regional”, explicou Merritt.

 

Prosseguindo, a fonte disse haver um aumento sério de heroína, proveniente do sudoeste asiático. “Então, estamos certos de que isso está a acontecer. Estamos a trabalhar em parceria com outros oficiais de fiscalização dos EUA e moçambicanos, bem como de outros governos da região, para tentar aumentar não apenas a inteligência ou o conhecimento factual do que está a chegar, sobretudo por mar, mas também estamos a trabalhar em conjunto para investigar melhor essa questão, pois, reconhecemos que as apreensões não são suficientes”, advogou a dirigente.

 

Merritt avançou ser necessário compreender os fluxos financeiros por detrás delas, caso haja vontade de se evitar que Moçambique seja vulnerável a esse flagelo, que é o tráfico de droga. A dirigente norte-americana entende que Moçambique, mesmo sendo país de trânsito, é preciso que estejamos preocupados, porque as drogas tendem a ser deixadas onde as embarcações param.

 

Em relação aos produtos de animais selvagens, Heather Merritt disse que este é um dos grandes problemas que assola o continente africano, sobretudo, o sul do continente que tem sido duramente atingido pela caça furtiva e contrabando de produtos de animais selvagens, incluindo marfim.

 

Acrescentando sobre o extremismo em Cabo Delgado, Merritt afirmou que é preocupação de todo o governo, porque é uma ameaça à segurança que possui uma ligação à criminalidade, ao terrorismo, e que é necessário pensar no tipo de capacidade governativa, na capacidade de fiscalização e capacidade militar em Moçambique. (Omardine Omar)

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