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terça-feira, 07 julho 2020 04:33

Por alegada ilegitimidade: Associações Estudantis exigem demissão da direcção da UNE

Um conjunto de 22 associações dos estudantes universitários exige a demissão da direcção da União Nacional de Estudantes (UNE), liderada por Bernardino Zunguza, e a desvinculação desta em “todos os órgãos, comissões ou fóruns” nos quais faz parte em representação dos estudantes, por alegadamente não ser legítima representante destes, sobretudo, neste momento em que se discute o regresso às aulas presenciais no ensino superior.

 

A exigência consta de uma missiva dirigida ao Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, no passado dia 19 de Junho, no qual, os contestatários arrolam uma série de “ilegalidades”, entre as quais, o facto de a actual direcção estar fora do mandato (completou seis anos nesta segunda-feira, 06 de Julho); de nunca ter realizado uma Assembleia-geral; não se conhecer uma acção realizada por esta em prol dos estudantes; e o facto de alegadamente não saberem as razões que ditaram o “empossamento” desta sem ter sido eleita pelos membros.

 

Na sua missiva, o grupo diz, por exemplo, que a direcção da UNE, na qualidade de membro de órgãos colegiais do governo e de fóruns de discussão sobre as medidas a tomar no âmbito da prevenção face ao novo coronavírus nas instituições de ensino, nunca prestou qualquer relatório dos encontros e, muito menos, auscultou os presidentes das associações para conhecer as reais preocupações dos estudantes.

 

O documento, a que “Carta” teve acesso, refere que tem sido prática a direcção de Bernardino Zunguza inventar representantes das associações dos estudantes e suas assinaturas em fóruns, como forma de se legitimar, uma vez que “está desalinhada com os legítimos representantes das associações”. Acrescenta que a mesma tem usado, indevidamente, os logótipos dos seus filiados para ganhar protagonismo junto do Governo, como foi o caso do recente posicionamento da organização em torno das aulas online.

 

 

“É hábito da actual direcção solicitar apoios em nome dos estudantes sem intenção de realizar nenhuma actividade e andar a reboque das actividades das associações com intenção de captar imagens para justificar junto aos parceiros, manchando a dignidade que resta do associativismo estudantil, algo vergonhoso”, defendem os signatários da carta, sublinhando que nunca foram apresentados os planos anuais das actividades da organização.

 

“O trabalho mais visível é de ameaças contra quem não concorda com a maneira desregrada como a actual direcção dirige. Este órgão, que devia ser democrático e de cultivo de liberdade de expressão por excelência, infelizmente intimida sempre os líderes das associações em nome da sua influência com figuras do Governo”, acrescentam as associações dos estudantes, lembrando que esta nunca conseguiu publicar os Estatutos, desde a realização da primeira Assembleia Geral.

 

Os signatários da carta dirigida ao Primeiro-Ministro da República de Moçambique acusam, igualmente, a direcção da UNE de ter boicotado a Primeira Conferência Nacional dos Estudantes, realizada no ano passado, na capitai do país. Alegam ainda terem submetido, em Fevereiro passado, um documento à Mesa da Assembleia-Geral da organização, mostrando o seu distanciamento com a direcção.

 

Por isso, o grupo entende que devem ser cancelados todos os apoios canalizados aos estudantes, através da União Nacional dos Estudantes até à eleição da nova direcção, assim como a certificação da existência legal da organização.

 

Contactado pela nossa reportagem, o Presidente de direcção da UNE, Bernardino Zunguza, negou todas as acusações, tendo afirmado, por exemplo, que a sua direcção foi eleita e que dentro de três meses, terá lugar a Assembleia-Geral que elegerá os novos órgãos sociais da agremiação. (O.O. e Redacção)

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