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BCI
quarta-feira, 01 julho 2020 05:41

A saga do jornalista Omardine Omar: preso ilegalmente, agredido, torturado e multado em 200 USD

O jornalista da “Carta de Moçambique”, Omardine Omar, foi, esta terça-feira, condenado pelo Tribunal Judicial do Distrito Municipal de KaMphumo a 15 dias de prisão, convertidos em multa de 13.700 Mts (200 USD).

 

Lembre-se, Omardine Omar foi ilegalmente detido por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) no passado dia 25 de Junho, sob alegação de ter violado o decreto presidencial sobre o Estado de Emergência, no contexto da prevenção e combate à pandemia da Covid-19. As autoridades policiais alegaram que Omardine Omar foi encontrado sem máscara e a consumir bebida alcoólica na via pública. O repórter só foi restituído à liberdade no passado domingo, 28 de Junho.

 

Mas o jornalista da “Carta de Moçambique” foi detido em pleno exercício da sua actividade. Ele estava a investigar um caso de extorsão policial, quando foi violentamente (pontapés e chambocadas) recolhido por agentes afectos da Polícia de choque, a Unidade de Intervenção Rápida (UIR).

 

Omardine Omar recebera uma denúncia por escrito (na segunda-feira – 22 de Junho passado), na qual agentes da PRM usavam a esquina das avenidas Emília Daússe e Romão Fernandes Farinha como seu lugar de plantão para extorsão a vendedores reincidentes, que teimam em vender fora dos novos limites do Mercado Estrela.

 

Esta terça-feira, em sede do julgamento, o representante do Ministério Público até chegou a retirar as acusações e pedir a absolvição do jornalista, mas foi em vão. A juíza Francisca António, convicta de que as alegações constantes dos autos tinham tudo de verdade, condenou Omardine Omar a 15 dias de prisão, tendo sido convertidos em multa no valor de 13.700 Mts.

 

Actualmente, o repórter diz não se encontrar de boa saúde, queixando-se de fortes dores no corpo inteiro. Aliás, importa salientar que o jornalista da “Carta de Moçambique” pernoitou, no dia em que foi detido, na 7ª Esquadra da PRM, sita no bairro do Alto Maé, numa cela dos fundos, com chão húmido, às escuras e cheia de mosquitos. No dia seguinte, isto na última sexta-feira, Omar foi transferido para o Estabelecimento Penitenciário da Machava.

 

Omardine Omar é sobejamente conhecido nos meios castrenses. Ele reporta sobre a guerra em Cabo Delgado, tráfico e corrupção, caça furtiva, entre outras matérias que colocam a nu as limitações da nossa Polícia.

 

Com boas fontes dentro da corporação, refira-se, foi ele o autor do “breaking news” global da “Carta” sobre a prisão de Fuminho, o famoso traficante de drogas brasileiro preso em Maputo, há poucas semanas. O advogado que defende Omardine no caso, que actua às expensas do Misa Moçambique, vai recorrer da sentença. (Carta)

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