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terça-feira, 16 junho 2020 06:31

O Estado e empresas francesas alimentam violência e devastação na corrida ao gás em Moçambique - Relatório

Um novo relatório da "Friends of the Earth"  expõe o papel instrumental do Estado francês em alimentar a corrida ao gás, a militarização da regiāo de Cabo Delgado, violações dos direitos humanos e uma catástrofe climatérica, em Moçambique. 

 

O relatório, disponível  aqui em português expõe o papel da França no “escândalo de títulos de atum” de 2013, que mergulhou o Estado moçambicano numa crise económica, prendendo-o a uma colossal dívida de dois mil milhões de dólares, cujo pagamento agora depende das receitas do gás.

 

Expõe como a diplomacia económica e a cooperação militar francesas estão a alimentar tensões, em vez de resolver o conflito. "Armas com licença francesa foram encontradas nas mãos de grupos paramilitares (designadamente do ex-chefe da Blackwater, Erik Prince) e de empresas privadas de segurança da Rússia, EUA, África do Sul e França.

 

Mostra como o Estado francês comprometeu mais de 500 milhões de euros em dinheiro público por meio de créditos à exportação para apoiar as empresas multinacionais de petróleo e gás em Cabo Delgado, e prepara mais apoios no futuro. A Total lidera o projecto de GNL em Moçambique, e os bancos franceses Société Générale e Crédit Agricole desempenham um papel fundamental como consultores financeiros.

 

O documento denuncia também como as comunidades locais sofreram graves violações dos direitos humanos e perda de meios de subsistência. “556 famílias foram deslocadas, com compensação inadequada, e agora vivem com medo constante, ameaçadas por insurgentes de um lado e forças militares do outro. Com o gás pronto para exportação, as populações que vivem em Cabo Delgado não têm nada a ganhar com a nova indústria". (Carta)

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