A Associação das Indústrias de Caju (AICAJÚ) estima que o processamento da castanha este ano não chegue às 35.000 toneladas, o que representa uma quebra acima de 30%, quando comparado com as cerca de 52.000 toneladas processadas no ano passado.
Em comunicado de imprensa, a que “Carta” teve acesso esta segunda-feira (18), a AICAJÚ afirma que o país tem, neste momento, menos de 10 fábricas de processamento-primário a operar, sendo que algumas delas irão parar o processamento a meio deste ano (aventa-se o mês de Agosto) por falta da matéria-prima.
“Para a AICAJÚ, esta quebra reflecte o impacto de uma tendência de comercialização negativa dos últimos anos, uma vez que a indústria nacional tem vindo a processar cada vez menos castanha, desde 2017. Recorde-se que, em 2018, foram processadas, em Moçambique, cerca de 60.000 toneladas de castanha”, refere a nota.
De acordo com a Associação, as quebras do processamento da castanha de caju justificam-se, por um lado, pelo contexto, particularmente adverso, em que os industriais nacionais estão a operar com a crescente concorrência agressiva e protegida por parte de “players” internacionais – como são os casos da Índia e Vietnam – e pela não-actualização das medidas de resposta domésticas a este novo paradigma.
Por outro lado, acrescenta a nota, este ano, a campanha de caju fica também marcada pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus que tem estado a resultar numa quebra significativa do sector. “O preço da amêndoa do caju caiu mais de 15%, desde o início da crise, e 25% quando comparada com o preço do ano passado”, sublinha a fonte.
Todavia, a AICAJÚ diz-se confiante no trabalho que o Governo está a desenvolver e acredita que, através da concertação entre Estado, sector privado e os produtores seja possível, em tempo útil, implementar medidas de defesa do sector, que permitam uma campanha de 2020 justa para todos os intervenientes.
Por outro lado, a AICAJÚ considera fundamental a continuidade da promoção de mecanismos de capacitação e apoio aos produtores para o desenvolvimento dos cajueiros, sob risco de a produção sofrer, igualmente, um acentuado decréscimo, impactando consequentemente na renda das mais de 1,4 milhão de famílias dependentes desta cultura agrícola.
“A AICAJÚ está, igualmente, confiante que, através de um diálogo aberto, seja possível garantir a viabilidade de uma indústria de bandeira em Moçambique que já foi referência internacional”, conclui a fonte (Carta)