Dados partilhados esta quinta-feira (07) pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) indicam que a evolução da pandemia provocada pelo novo coronavírus (Covid-19), em Moçambique e no mundo, está a ter uma série de impactos no desempenho da economia no geral e no sector empresarial nacional, em particular.
No caso do sector industrial em particular, que é considerado o motor para o desenvolvimento da economia nacional, o impacto incide não só sobre o sector em si, mas também sobre todos os sectores e subsectores a si subjacentes que integram os diferentes segmentos da cadeia de valor, nomeadamente, o sector da agricultura, transportes e logística e comércio.
Apresentados pelo Director-geral-adjunto do Parque Industrial de Beluluane, Onório Boane, os dados referem que, desde a eclosão da crise até esta parte, o sector da indústria transformadora registou uma redução do nível de actividade produtiva em mais de 70%, o que resultou na queda de facturação das empresas deste sector numa média mensal de 60%, que corresponde a uma perda de receita estimada em cerca de 4 mil milhões de Meticais por mês, com destaque para as indústrias de bebidas não alcoólicas e do açúcar, óleo e sabão que registam perdas mensais de facturação estimadas entre 40% e 65%.
Segundo Boane, esse cenário deve-se, por um lado, às restrições impostas pelas medidas do Estado de Emergência, como por exemplo o regime de rotatividade e redução da massa laboral para 1/3 e, por outro, à dinâmica do mercado em si, particularmente a contracção da procura agregada que se deve à redução da renda das famílias e do fluxo económico de forma geral.
“No caso das indústrias de óleo e sabão, em particular, que já se ressentiam da queda da facturação mensal em cerca de 52%, devido ao término do período de isenção do IVA nas transmissões destes produtos em Dezembro de 2019. A pandemia da Covid-19 vem agravar a situação, aumentando a cifra de perdas em mais 12%, fazendo com que a perda mensal de receitas nesta indústria ascenda a um total de cerca de 229 milhões por mês”, apontou Boane.
Nessas indústrias, a fonte ainda explicou que se vislumbra um impacto em dois contextos, por um lado, pela queda da procura devido ao término da isenção do IVA que resulta no aumento do preço destes produtos em 17% e, por outro, pela queda da procura agregada devido ao impacto da pandemia da Covid-19 que induziu a redução do rendimento agregado da economia e consequente redução da despesa das famílias, associado ao aumento dos custos operacionais.
“Face a este cenário, a CTA reitera a necessidade de adopção de medidas urgentes e objectivas para apoiar as empresas do sector industrial que é extremamente importante para o país, tanto sob ponto de vista do nível de renda e emprego que este sector gera, assim como sob ponto de vista dos efeitos em cadeia que poderão resultar de uma disrupção significativa no nível de actividade deste sector”, afirmou.
Das principais medidas, a CTA exige o diferimento do pagamento de impostos, com enfoque para o IVA na comercialização de açúcar, óleo e sabão. Insiste na necessidade de redução da factura de electricidade e, assim, aliviar as obrigações de empresas que foram forçadas a paralisar por conta do Estado de Emergência.
“O custo de electricidade é para grande parte das indústrias um dos principais custos operacionais. Em média, uma indústria nacional com um ciclo de produção contínuo tem um custo mensal de energia de cerca de 5 milhões de Meticais, que representa cerca de 12% da sua estrutura de custos, pelo que a redução do custo em 50% poderá apoiar a tesouraria das empresas deste sector em cerca de 2.5 milhões de Meticais, que ao ser aplicado por um período de seis meses poderá resultar num alívio de cerca de 15 milhões de Meticais por empresa, o que é considerável tendo em conta os desafios que as empresas enfrentam”, fundamentou Boane.
A CTA voltou a insistir na redução do preço dos combustíveis, acompanhando a tendência de redução do Crude no mercado internacional. (Evaristo Chilingue)