A União Europeia (UE) manifestou, esta quarta-feira, a sua preocupação em relação ao que chamou de “visível degradação da situação de segurança na província de Cabo Delgado”, devido ao aumento significativo de ataques, incluindo a “ocupação temporária de sedes de distritos em Mocímboa da Praia, Muidumbe e Quissanga”, durante as últimas semanas.
Em comunicado de imprensa a que “Carta” teve acesso, a organização afirma estar a seguir, com apreensão, o agravamento da situação humanitária na província, com uma crescente insegurança das populações locais e a rápida multiplicação do número de deslocados internos. Para a organização, a situação que se vive na província de Cabo Delgado “requer uma acção eficaz” que permita proteger os cidadãos, desenvolver investigações que permitam levar os responsáveis à justiça e identificar o papel desempenhado por grupos extremistas violentos.
“A Delegação da União Europeia reitera a sua disponibilidade para prestar assistência a Moçambique, prosseguir e intensificar o diálogo com as autoridades nacionais com vista a delinear uma solução integrada, coordenada e abrangente que dê resposta às múltiplas dimensões da actual crise, incluindo as suas implicações regionais”, garante a organização.
No comunicado, a organização que congrega 27 nações europeias defende que “a resposta a ser dada pelas autoridades só poderá proporcionar resultados efectivos e satisfatórios se garantir o pleno respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais das populações”, pelo que, “o exercício das liberdades de expressão, de imprensa e do direito à informação afiguram-se, neste contexto, fundamentais para permitir uma melhor compreensão e combate ao fenómeno do extremismo violento que assola a província”.
Por essa razão, a UE lamenta o desaparecimento, no passado dia 7 de Abril, do jornalista da Rádio Comunitária de Palma, Ibraimo Abu Mbaruco, que se suspeita ter sido raptado por elementos das Forças de Defesa e Segurança. Por isso, a Delegação da União Europeia, em Maputo, apela às autoridades para investigarem o caso “com rapidez e profundidade”.
Refira-se que desde Outubro de 2017 que a província de Cabo Delgado vive um terror, protagonizado por um grupo até aqui não identificado pelas autoridades moçambicanas. “Insurgentes”, “homens sem rosto” e “malfeitores” são alguns dos nomes atribuídos pelas autoridades ao grupo que já provocou perto de 200 mil deslocados, para além de ter causado morte de mais de 500 pessoas, entre integrantes do grupo, militares e civis. (Carta)