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BCI
quinta-feira, 20 fevereiro 2020 03:46

Presença da Renamo e a “heroicidade” de Kalungano: António Muchanga diz que “não há nariz sem ranho”

Foi uma das grandes surpresas do dia. A Renamo, o maior partido da oposição no país, que sempre optou pela ausência nas cerimónias do Estado, marcou presença, esta quarta-feira, na cerimónia fúnebre de Marcelino dos Santos, falecido no passado dia 11 de Fevereiro, em Maputo, vítima de doença.

 

Ossufo Momade, Presidente; André Magibiri, Secretário-Geral; e António Muchanga, deputado da Assembleia da República são as figuras da “Perdiz” que deram nas vistas, no Paços do Conselho Autárquico da Cidade de Maputo.

 

Entretanto, como sempre, o maior protagonismo foi para o sempre polémico deputado António Muchanga. Falando à imprensa, em torno da figura de Marcelino dos Santos, Muchanga afirmou que “não há nariz sem ranho”, quando questionado se a sua formação política reconhecia “a dimensão histórica” do finado.

 

“Não vou falar em nome da Renamo, vou falar em meu nome pessoal. Eu já li muito sobre Marcelino dos Santos e toda a gente sabe. Marcelino dos Santos foi da UDENAMO e depois passou para FRELIMO, depois lutou para a independência dos países de expressão portuguesa. Já esteve em Marrocos a representar e quem estudou a história na República de Moçambique não tem razão de contestar o heroísmo de Marcelino dos Santos. Tendo em conta que não há nariz sem ranho, por isso cada pessoa tem o lenço para gerir o seu nariz. Teve momentos altos e baixos, mas isso não lhe retira a dignidade que merece de ser declarado herói na República de Moçambique”, afirmou António Muchanga.

 

Muchanga lembrou, aliás, uma luta que travou ao lado de Marcelino dos Santos contra a demolição das residências da histórica zona Militar, na capital do país, em 2012. “Eu com Marcelino dos Santos, juntos defendemos a zona Militar. Se não fosse minha bravura, com ajuda de Marcelino dos Santos, hoje não tínhamos o bairro Militar, porque teriam destruído para construir prédios de luxo, em 2012”.

 

O deputado da Renamo afirma que os ideais de Marcelino dos Santos devem ser defendidos “por todos aqueles que acreditavam nele”. Defendeu que o exemplo vivido na juventude de Kalungano, que se desagregou da família para fazer parte da luta de libertação nacional, tendo abandonado os estudos na Europa para se juntar a outros jovens, em Tanzânia, “deve servir de um instrumento importante para sua valorização”.

 

Por sua vez, o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, entende que “aquilo que aconteceu, depois da independência, não pode julgar este momento, por isso estamos aqui para dar a mão à família”. Sublinhou que a sua formação política solidariza-se com a família de Marcelino dos Santos porque “nós somos seres humanos”. (Omardine Omar)

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