As chuvas que caem há mais de uma semana na Zambézia estão a causar estragos em alguns pontos daquela província. Num comunicado emitido no domingo, 5 de Dezembro, pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, naquela província, face à subida do nível das águas do rio Licungo, perto de uma centena de famílias estão a abandonar as zonas de risco. A exemplo disso, as famílias residentes nas zonas de risco no Distrito da Maganja da Costa estão a instalar-se nos bairros de reassentamento localizados em zonas seguras. O mesmo sucede com mais de 200 famílias residentes nas margens do Rio Licungo, em Mocuba.
Entretanto, “Carta” apurou de algumas vítimas da situação que as chuvas que não param de cair estão a deixar as autoridades e a população numa situação alarmante, conforme se regista no Posto Administrativo de Nante, no Distrito da Maganja da Costa, uma zona propensa a inundações devido ao aumento do caudal do rio Cuni, que obrigou as autoridades a paralisarem as obras de construção da ponte sobre o mesmo rio.
Fontes do Governo distrital da Maganja da Costa contaram à nossa reportagem que o empreiteiro da obra teve de retirar todo o material e os seus colaboradores do local, esperando que o nível das águas baixe para que os trabalhos continuem. Entretanto, a “guerra” está entre as autoridades locais e uma parte da população que não quer “arredar o pé” das suas residências mesmo perante ameaça da chuva destruir as suas habitações.
As chuvas vão continuar a cair na Zambézia, em distritos como Gurué, Ilé, Namarrói, Mocuba, Maganja da Costa, Namacurra, Quelimane e outros distritos, e as autoridades vão retirando as populações residentes nas zonas ribeirinhas. Neste domingo, 05 de Janeiro, o INGC retirou mais de 100 pessoas residentes na Localidade de Forquia, no Distrito de Namacurra, devido à insegurança que as cheias estão a causar naquela região.
Na Zambézia, alguns bairros da cidade capital, Quelimane, encontram-se totalmente alagados mesmo depois do investimento feito há pouco mais de cinco anos, com a construção de drenagens ao longo daquela Cidade, um empreendimento que na altura criou um braço-de-ferro “propagandista”, entre a edilidade local, liderada por Manuel de Araújo e o Governo Central, na pessoa do Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, no investimento feito pelo Governo norte-americano, através do Millennium Challenge Corporation (MCC), no valor de 27 milhões de USD.
Entretanto, as chuvas que caiem naquela urbe estão a deitar a baixo o empreendimento. Neste domingo, conforme aferimos dos residentes em bairros como Micajune, Brandão, Acordos de Lusaka, Sagrada Família, Manhaua, Santagua e arredores, as águas invadiram o interior das casas e as estradas estão totalmente alagadas, tendo inclusive certas infra-estruturas caído parcialmente devido à força das águas de chuva que não param de cair, a exemplo do muro do conhecido Hotel Paradise, que desabou na manhã do domingo, 05 de Janeiro.
Salientar que, na passada sexta-feira, 03 de Janeiro, a Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH) emitiu um comunicado alertando que a bacia hidrográfica do rio Licungo poderia incrementar os escoamentos e atingir o alerta, condicionando a transitabilidade rodoviária entre os distritos de Lugela- Milange, Namacurra-Maganja da Costa e causando inundações moderadas nos Distritos da Maganja da Costa (nas povoações de Vila Valdez, Yassopa e Ntabo) e no Distrito de Namacurra (nas povoações de Forquia, Mbaua, Muebele e Malei).
Entretanto, a chuva cai em quase toda a província, tendo inclusive danificado parte do equipamento que garante o funcionamento da antena repetidora da Rádio Moçambique, em Milange, devido a descargas atmosféricas. (O.O.)