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segunda-feira, 30 dezembro 2019 06:12

Mau tempo na zona norte: Cabo Delgado volta a estar no centro das atenções

Oito meses depois da passagem do ciclone Kenneth, que causou a morte de 45 pessoas e afectou outras 250 mil, a província de Cabo Delgado volta a estar no centro das atenções, agora devido às fortes chuvas que vêm caindo na região norte desde semana finda e que estão a criar estragos, tendo levado o Governo a decretar um “alerta laranja” para todo o território nacional.

 

São 2.650 pessoas afectadas pelo mau tempo, na província de Cabo Delgado, 510 casas destruídas (70 das quais totalmente), na cidade de Pemba, 30 na cidade de Nacala-Porto e outras 20 abandonadas, na segunda maior cidade da província de Nampula, para além de 47 postes de energia deitados abaixo. Este é (apenas) o balanço provisório do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) até ao último sábado, em relação ao impacto causado pelas chuvas que afectam as províncias de Cabo Delgado, Nampula e Zambézia.

 

Os estragos incluem ainda o desabamento de uma ponte sobre o rio Montepuez, na província de Cabo Delgado, no último sábado, que deixou isolados os distritos de Quissanga, Meluco, Macomia, Muidumbe, Mocímboa da Praia, Mueda, Nangade e Palma.

 

Fontes da “Carta” garantem que há muito que a ponte clamava por uma intervenção de fundo, mas as autoridades sempre fizeram “vista grossa”.

 

Imagens que circulam nas redes sociais, desde o último sábado, ilustram um camião da marca Mitsubishi Fuso, com a parte da Cabine suspensa e a carroçaria (carregada) pendurada numa parte da estrutura da ponte, o que revela que a mesma desabou numa altura em que o veículo pretendia atravessar aquele local.


O Canal STV exibiu, este domingo, imagens de cidadãos ao relento junto àquela ponte, aguardando por uma solução, de modo a atravessarem para a margem norte daquela bacia hidrográfica.

 

Outra ponte que corre sérios riscos de desabar é a que estabelece a ligação rodoviária entre os Postos Administrativos de Quiterajo, Mucojo e a Vila-sede de Macomia, construída sobre o rio Muagamula e que é tida como uma ameaça à circulação de pessoas e bens. O facto é que a mesma ainda não se beneficiou de nenhuma intervenção, desde a passagem do ciclone Kenneth, em Abril passado, o que aumenta a preocupação da população e das autoridades.

 

Em Pemba, o trânsito ficou condicionado em algumas vias, na sexta-feira, devido aos estragos causados pelo mau tempo, que provocou a queda de árvores. Os bairros de Paquitequete, Natite, Cariacó e Eduardo Mondlane, naquele município, ficaram severamente afectados.

 

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), a chuva que caiu na província de Cabo Delgado devia ter caído em 30 dias, o que demonstra a triste situação que se verifica naquele ponto do país. Aliás, os meteorologistas prevêem que as chuvas intensas continuem a cair até ao último dia de 2019, ou seja, até 31 de Dezembro próximo.

 

Segundo a Ministra da Administração Estatal e Função Pública, Carmelita Namashulua, a decisão de activar o “alerta laranja” visa preparar o INGC para casos de emergência, para além da mobilização de equipamentos para o salvamento e fundos para apoiar as populações afectadas.

 

O artigo 16, da Lei n.º 15/2014, de 20 de Junho, sobre as calamidades naturais, esclarece que “o alerta laranja é activado quando há iminência de ocorrência de um fenómeno capaz de causar danos humanos e materiais”.

 

“Já temos as Nações Unidas que já se prontificaram, mais uma vez, a trabalhar com o governo para fazer face a esta situação”, disse a governante, avançando ainda que as equipas devem estar no terreno e continuar a sensibilizar as comunidades, assim como a fazer o levantamento dos danos causados pela tempestade. Acrescentou que as equipas da Electricidade de Moçambique (EDM) estariam no terreno a partir deste domingo, para averiguar a situação nas províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula e Zambézia.

 

Em relação à transitabilidade, a Ministra da Administração Estatal e Função Pública garantiu que o sector de estradas já deslocou uma equipa àquele local para avaliar a situação e criar condições necessárias para assegurar a travessia no rio Montepuez.

 

“Temos de continuar a trabalhar para o reassentamento definitivo em locais com mínimas condições para as populações habitarem. Há instruções claras para que as equipas trabalhem mais de modo a que se faça o levantamento dos locais mais seguros, visto que, alguns que foram afectados, em Cabo Delgado, são aqueles que ciclicamente passam pelos mesmos problemas”, sublinhou a fonte, abordando o facto de o país estar sempre em situação de emergência a cada época chuvosa. (Marta Afonso e redacçāo)

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