Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
sexta-feira, 01 novembro 2019 06:08

“Se o Governo não satisfizer as nossas preocupações, vamos reivindicar”, garantiu Mariano Nhongo

A região centro do país não vive, para já, os seus melhores dias. Partes das províncias de Sofala e Manica têm sido palcos de ataques armados protagonizados, de acordo com a Polícia da República de Moçambique (PRM), por indivíduos pertencentes ao maior partido da oposição, a Renamo. No pacote dos homens da Renamo, tal como avançou Orlando Mudumane, porta-voz da corporação, também está inclusa a auto-proclamada Junta Militar, liderada pelo General Mariano Nhongo.

 

Menos de 24 horas após os pronunciamentos do porta-voz da PRM, “Carta“ contactou, na tarde de ontem, o Presidente da auto-proclamada Junta Militar da Renamo. Mariano Nhongo, mais do que distanciar-se da autoria dos ataques, garantiu que, caso o Governo não satisfaça as suas preocupações, o grupo irá “reivindicar”.

 

 

Entretanto, Mariano Nhongo não disse em que consistiria a “reivindicação” e em que moldes a mesma seria operacionalizada. Apenas deixou a garantia de que a Junta, em caso de insatisfação, vai, sim, “reivindicar”.

 

A mais alta estrutura da Junta Militar, que, segundo se sabe, contesta a liderança de Ossufo Momade, actual Presidente da Renamo declinou, mesmo perante a nossa insistência, abrir o jogo se a solução armada faz ou não parte das acções que serão levadas a cabo no quadro das “reivindicações”.

 

Entretanto, Mariano Nhongo avançou que, antes da realização das VI Eleições Gerais e III das Assembleias Provinciais, enviaram um documento contendo aquelas que são as suas preocupações ao Executivo, tendo sido enviado pelos embaixadores que, de perto, estão a assistir ao processo de pacificação do país.

 

A fonte que temos vindo a citar avançou que recebeu, há dias, a indicação de que o Governo de Filipe Nyusi estava já disposto a dialogar com a Junta Militar e que, neste momento, apenas aguarda pela comunicação formal sobre a realização do referido encontro.

 

“Se o Governo não responder favoravelmente as nossas preocupações, nós vamos tomar medidas. Quais? Vamos reivindicar. Nós enviamos o documento para o Governo, através dos Embaixadores e ouvimos, há dias, que já está disponível para dialogar connosco. Nós agora estamos à espera”, disse Mariano Nhongo.

 

Mariano Nhongo diz que ataques são de homens fiéis a Ossufo Momade

 

Sobre os ataques a alvos civis e militares, Mariano Nhongo disse que os mesmos estavam a ser perpetrados pelos homens que se encontram às ordens de Ossufo Momade.

 

Mariano Nhongo avançou que a Junta Militar não tem qualquer interesse em perpetrar ataques porque está comprometida em negociar com o Executivo, cujo entendimento deve culminar com o desarmamento, desmobilização e reintegração dos seus homens.

 

“São os homens de Ossufo (Momade) que estão a atacar. Nós queremos abandonar as matas. A Junta não está a atacar porque está preocupada em negociar com o Governo. Não queremos mais ficar nas matas. Na Serra não há uniformes verdes. Quem tem uniforme verde são os homens de Ossufo”, atirou Nhongo.

 

Entretanto, em entrevista a um meio de comunicação internacional, Ossufo Momade negou que os ataques estivessem a ser protagonizados pelos seus homens, instando, na ocasião, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) a intensificarem as investigações, tendo em vista a identificação dos verdadeiros autores. (Carta)

Sir Motors

Ler 9723 vezes