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Maputo -

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BCI
segunda-feira, 03 junho 2019 06:40

As contradições sobre a tragédia no Aqua Park em pleno 1 de Junho

Começou em festa, mas terminou em tragédia, a celebração do Dia Internacional da Criança, no espaço Aqua Park, na cidade de Maputo. Cinco pessoas, entre crianças e adultas, perderam a vida, no último sábado (01 de Junho), em consequência de queda numa “vala” de drenagem em frente a um dos locais que acolhia a festa da criança, na capital moçambicana.

 

O incidente ocorreu por volta das 19 horas, quando os participantes do evento, organizado pela “Lizha Só Festas”, “firma” especializada na promoção de eventos, pertencente à cantora moçambicana Lizha James, saíam do local, após quase cerca de cinco horas de convívio.

 

 

Segundo se sabe, tudo começou quando a segurança do evento, cujo nome da empresa não conseguimos apurar, abriu dois portões (um para a saída de pessoas e outro para viaturas), dos três existentes, para evacuar os participantes, que se aventa terem superado o limite da capacidade do local.

 

Devido à exiguidade do espaço e ao congestionamento que se verificava no momento da saída, contam fontes de “Carta” residentes próximo ao local do sinistro, as pessoas foram se empurrando até que um grupo de nove caiu numa vala de drenagem, de pequena dimensão, que se encontra em frente ao local.

 

Não há clareza sobre o local exacto onde as vítimas perderam a vida. “Carta”, que neste domingo esteve no local, apurou que as cinco pessoas pereceram no local, mas a Polícia, através do seu porta-voz, na Cidade de Maputo, Leonel Muchina, diz ter evacuado prontamente as nove vítimas do incidente, porém, cinco pessoas acabaram perdendo a vida, não clarificando se as mesmas perderam a vida durante a sua evacuação para o Hospital Central de Maputo.

 

Mesma situação se verifica, quando se aborda as idades das pessoas perecidas. À “Carta”, as fontes falam de três adolescentes, uma idosa de 75 anos e uma criança de cinco anos. Entretanto, a Polícia fala de três adultos, de 45, 60 e 75 anos de idade e dois menores de idades, com sete e 12 anos. A Polícia diz ainda que quatro são do sexo feminino e outra do sexo masculino.

 

Segundo o porta-voz da Polícia, a nível da Cidade de Maputo, dos feridos, um ficou internado e três, que haviam desmaiado, foram reanimados pelas equipas de socorro. Entretanto, o Hospital Central de Maputo disse não ter recebido feridos graves, decorrentes daquele incidente.

 

“Da evacuação que se fez, a partir das viaturas da Polícia, as pessoas ainda davam indicação de vida, mas quando deram entrada no hospital foram dadas como mortas”, disse Muchina, durante uma conferência de imprensa concedida na tarde deste domingo.

 

A onda de contradições continua também em relação ao número de pessoas que estiveram no local, durante a tarde de sábado, primeiro dos dois dias que tinham sido programados para o evento. O espaço Aqua Park, localizado no bairro da Costa do Sol, próximo do Colégio Willow, tem cinco piscinas, com áreas de lazer reservadas a adultos e crianças e tem capacidade para receber 16 mil pessoas, mas fontes asseguram que, no dia 01 de Junho, estiveram aproximadamente 12 mil. Porém, a Polícia fala de cerca de 20 mil pessoas, dos 15 mil que eram previstos, enquanto a organização aponta para a presença de oito mil espectadores, sendo que mais da metade eram crianças.

 

“Não sabemos explicar o que aconteceu, porque a organização não estava presente no momento. Há muita especulação. Deixemos que esta informação seja dada por aquela que é a instituição competente para o efeito. Está a ser feita a investigação necessária por parte da Polícia e, nos termos dos autos, essa informação efectivamente irá chegar”, disse Iveth Mafundza, advogada da organização, em entrevista ao canal televisivo STV.

 

“Nós não nos vamos antecipar, nem nos vamos pronunciar sobre aquilo que as redes sociais têm dito porque (…) alguma rede social diz que houve afogamento, outra informação oficial do hospital diz que houve asfixia e há também uma outra informação, em que se diz que houve atropelamento. Nós não trabalhamos nem com redes sociais, nem com eventual informação que quer desinformar… Nós queremos trabalhar com investigação do SERNIC para nos posicionarmos”, explicou a advogada.

 

O evento tinha sido agendado para decorrer durante dois dias, porém, devido ao incidente, a Polícia cancelou as actividades que estavam agendadas para este domingo, a fim de dar lugar à investigação para apurar as suas causas. Ontem no local, “Carta” observou diversos agentes da Polícia e do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) aparentemente em trabalhos de perícia.

 

A organização, na voz da sua advogada, garante que irá assumir as devidas responsabilidades “naquilo que for nossa parte, naquilo que seja necessário, cientes de que tudo fizemos”.(Marta Afonso e Abílio Maolela)

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