Continua turvo e imprevisível o ambiente de segurança na zona sul de Moçambique. Depois do bloqueio de estradas, testemunhado na segunda-feira, ontem, um grupo de manifestantes invadiu e vandalizou o Comité Distrital da Frelimo, em Chókwè, província de Gaza, o bastião do partido no poder.
De acordo com as informações colhidas pela “Carta”, o facto aconteceu depois de o grupo ter saído à rua para protestar contra o alto custo de vida, a nova razão que tem levado milhares de moçambicanos às ruas, nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, incluindo a capital do país.
Fontes baseadas em Chókwè contam que, durante os protestos, um grupo não identificado tentou assassinar o coordenador da acção política de Venâncio Mondlane, naquele distrito, facto que exacerbou os ânimos entre os manifestantes, que decidiram invadir e vandalizar o Comité Distrital do partido no poder.
As fontes contam ainda que, na segunda-feira, um grupo de populares, em Chókwè, deslocou-se à delegação do FIPAG (Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água), naquele distrito, a fim de negociar a redução da tarifa de água, descrita como cara, em todo o país. Aliás, a água do FIPAG não só é cara, como também a empresa chega a cobrar facturas mesmo sem estar a abastecer água aos seus clientes.
Sem sucesso nas negociações, os populares decidiram atear fogo sobre a infra-estrutura. Sublinhar que, em Dezembro passado, um grupo de manifestantes, durante a chamada “Fase 4x4”, vandalizou a vedação daquela infra-estrutura e incendiou o Comité da Frelimo, a nível da Cidade de Chókwè.
Informações apuradas pela “Carta” indicam que o Administrador do distrito de Chókwè e o Edil do Município da Cidade de Chókwè encontram-se em parte incerta, depois de terem abandonado a cidade esta quarta-feira. Fontes contam que os dois dirigentes fugiram da cidade de Chókwè depois de um grupo de manifestantes ter solicitado uma audiência para discutir as soluções para o actual custo de vida, caracterizado por altos preços dos produtos de primeira necessidade.
Refira-se que o distrito de Chókwè já foi hostil à oposição, com vários casos de vandalização de delegações dos partidos da oposição, assim como de residências de indivíduos ligados aos partidos da oposição. Houve também registo de sequestros e assassinatos de membros da oposição.
Em 2019, por exemplo, durante a campanha eleitoral para as eleições gerais daquele ano, uma comitiva do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), liderado pelo então Presidente, Daviz Simango, foi recebida com paus e pedras naquela cidade por membros da Frelimo, uma situação que se repetiu na cidade de Xai-Xai e nos distritos de Mandlakazi e Bilene. (Carta)