Populares voltaram a bloquear diversas estradas na cidade de Maputo e nas províncias de Maputo e Gaza, uns protestando contra o custo de vida e outros exigindo o fim das portagens e melhorias nas vias de acesso, que se encontram em péssimas condições de transitabilidade.
Na cidade de Maputo, por exemplo, os bloqueios ocorreram em três pontos da Avenida Julius Nyerere (nas proximidades da Praça da Juventude; junto às proximidades da Lixeira do Hulene; e no cruzamento entre a Julius Nyerere e a Rua da Beira), em contestação às péssimas condições de transitabilidade em que se encontra aquela via.
O bloqueio consistiu no estacionamento de viaturas de transporte de passageiros e carga em plena via pública. Milhares de passageiros, provenientes de diversos bairros da zona norte da cidade de Maputo e do distrito de Marracuene foram surpreendidos com a situação e tiveram de continuar as suas viagens a pé.
Durante os protestos, uns exigiam a conclusão das obras de reabilitação da via, iniciadas em 2023, e outros exigiram a redução do preço do combustível que, segundo eles, é a base de muitos problemas.
“Acho justa a paralisação das actividades por parte dos transportadores, é impossível circular com tantos buracos nessa via. Em dias de chuva, os automobilistas acabam usando algumas ruas para contornar os buracos”, Laura Carlos Mutique, utentes daquela via nevrálgica da capital moçambicana.
Ainda na capital do país, um grupo de manifestantes, transportados em dois camiões basculantes, deslocaram-se à portagem da Costa do Sol, gerida pela REVIMO (Rede Viária de Moçambique), para exigir a paralisação das cobranças, retomadas em finais de Janeiro último.
Da acção, algumas cabines de cobrança foram partida, tal como as respectivas cancelas. Os funcionários deixaram o local em debandada. A Unidade de Intervenção Rápida (UIR) foi chamada ao local e, como sempre, o gás lacrimogénio e as balas voltaram a ser a solução do problema.
Já na província de Maputo, os bloqueios ocorrem no distrito da Namaacha e na autarquia da Matola. Em Namaacha, populares bloquearam a estrada em Mandevo, em protesto aos ataques que vêm sofrendo dos elefantes, para além de que os paquidermes têm devastado várias culturas dos camponeses. No local, os populares colocaram barricadas na estrada e exigiram a intervenção do Governo para resolver a situação.
No município da Matola, os bloqueios aconteceram na estrada que liga os bairros de Matlemele e Siduava, que se encontra em condições deploráveis de transitabilidade. Em dias de chuva, sublinhe-se, é impossível o trânsito de viaturas, sejam ligeiras ou pesadas, devido às péssimas condições do piso.
Aliás, na autarquia da Matola, enquanto uns reclamavam pela melhoria das estradas, outros exigiam a melhoria das condições nos hospitais, como é o caso do Centro de Saúde da Matola-Gare. Para tal, grupo de populares desviou oito camiões de transporte de inertes para aquela unidade sanitária, por forma a combater as águas estagnadas há quase dois anos.
Outros bloqueios ocorreram na província de Gaza, concretamente nos distritos de Xai-Xai, Bilene e Chókwè. Na capital provincial de Gaza, não foi possível apurar as razões dos bloqueios, mas os manifestantes usaram inertes para bloquear a via, enquanto noutros pontos recorreram a viaturas e outros obstáculos.
Na vila da Macia, distrito de Bilene, a população bloqueou a EN1 e paralisou o comércio, exigindo a redução dos preços dos produtos de primeira necessidade, incluindo o cimento de construção, enquanto em Chókwè, a população exigia a expansão da rede eléctrica. Os moradores saíram às ruas e incendiaram pneus.
Importa frisar que, a cada início de semana, o país tem assistido novos protestos, com diversas exigências, desde o alto custo de vida, a má qualidade das estradas, a expansão da rede elétrica e a poluição ambiental. (Carta)