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quarta-feira, 22 janeiro 2025 07:45

Eleições 2024: Burladores usam imagem de vítima das manifestações para ganhar dinheiro

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Um desconhecido está a usar a imagem de um dos jovens assassinados pela Polícia na Machava-Socimol, no município da Matola, província de Maputo, estampando-a em camisetes e vendendo ao preço único de 1.000,00 Meticais. Com recurso às redes sociais, para enganar as pessoas, o burlão anunciou que as camisetas esgotaram e que, nos próximos dias, iria reproduzir uma nova remessa para quem precisasse. A denúncia foi feita pela mãe do malogrado, que em vida era identificado por Stefan Diogo Sitoe.

 

“Quando vi as camisetes vendidas no Facebook, fiquei chocada e lágrimas caíram ao ver que alguém, sem coração, e que não se preocupou em contactar a família, está a usar a imagem do meu filho para ganhar dinheiro. Não conheço a identidade dele e nunca o vi na vida, mas ele precisa saber que o que está a fazer fere muito o meu coração”, disse Violeta Armando Tivane, mãe do Stefan.

 

“O meu filho perdeu a vida há uma semana e, hoje, já há quem esteja lucrando com o meu luto. Não imagino o dia em que eu me deparar com alguém na rua vestindo uma camiseta com a imagem do meu filho; isso pode ferir-me muito. Rogo a esse jovem que pare com isso. Não pode querer ganhar dinheiro às custas das lágrimas dos outros. Isso é triste”, lamentou Violeta Tivane, com lágrimas nos olhos.

 

Questionada se já havia feito uma denúncia à polícia, ela respondeu que não. “Ainda não denunciamos o caso às autoridades; apenas tentamos entrar em contacto com o jovem para pedir que parasse de ganhar dinheiro à custa da imagem do meu filho, mas ele não atendeu às minhas chamadas”, frisou.

 

Entretanto, “Carta” também tentou entrar em contacto com o jovem para entender as razões que o motivaram a usar o luto dos outros para ganhar dinheiro, mas ele não atendeu às nossas chamadas. Deixamos várias mensagens, mas ele não respondeu.

 

Na madrugada do dia 15 de Janeiro, data em que foi investido o actual Presidente da República, três jovens foram mortos a tiros, no bairro da Machava-Bunhiça, no município da Matola, província de Maputo, e Stefan foi um dos jovens baleados.

 

De 18 anos de idade, Stefan trabalhava como serralheiro na vizinha África do Sul e veio a Moçambique para passar as festas com seus pais. No dia 14 de Janeiro, o jovem saiu com os seus amigos para se divertir num bar nas proximidades de sua casa. Por volta das 2h00 da manhã, quando regressava para casa na companhia dos amigos, Stefan foi atingido por mais de 30 balas, disparadas por desconhecidos, junto com os seus dois amigos e acabou perdendo a vida.

 

Entretanto, este não é o primeiro em que indivíduos desconhecidos tiram proveito de tragédias. Em novembro de 2024, uma campanha de arrecadação de fundos a favor de uma jovem atropelada pelo carro blindado das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), durante as manifestações pós-eleitorais, foi lançada nas redes sociais por desconhecidos, que, por sinal, colocaram um número estranho, alegando ser da vítima, sendo que as pessoas deveriam canalizar as suas contribuições. Isso indignou a família que, além de desconhecer a iniciativa, repudiou esse tipo de atitude. Curiosamente, a campanha foi lançada numa altura em que a jovem ainda se encontrava internada no Hospital Central de Maputo e inconsciente. (Marta Afonso)

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