Está confirmado. A cerimónia de investidura hoje de Daniel Francisco Chapo, o quinto Presidente da República de Moçambique, contará apenas com a presença de dois Chefes de Estado, ambos africanos. Trata-se dos Presidentes da República da África do Sul e da Guiné-Bissau, Matamela Cyril Ramaphosa e Umaro Sissoco Embaló, respectivamente.
Entretanto, na sua edição de ontem o jornal sul-africano Eyewitness News (EWN) reportava que Cryril Ramaphosa vai ser representado pelo ministro das Relações Internacionais, Ronald Lamola, que segundo o jornal chegou ontem a Moçambique para a tomada de posse do presidente eleito.
Aos enviados a Maputo da EWN, Ronald Lamola disse que o Governo do país vizinho tinha a ''esperança de que (os camaradas da Frelimo) coloquem os interesses do seu país acima de tudo e de todos, e também dos seus próprios interesses subjectivos. Também tivemos os nossos próprios desafios aqui no país, mas tivemos de colocar os interesses da África do Sul acima de todos e de tudo para garantir que havia estabilidade no país.”
De resto, os restantes Chefes de Estado e do Governo convidados ao evento mandataram representantes, incluindo o Ruanda e os países da SADC (Comunidade dos Países da África Austral), parceiras da Frelimo, partido no poder desde a independência do país, em 1975, e do qual é Secretário-Geral o presidente eleito.
Segundo a Ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, as Repúblicas da Tanzânia, do Malawi e do Quénia serão representados, na cerimónia, pelos seus vice-presidentes. São eles, Philip Mpango (Tanzânia), Micheal Usi (Malawi) e Kithure Kindiki (Quénia). Igualmente, estarão presentes no evento os Primeiros-Ministros de eSwatini, Russell Dlamini, e do Ruanda, Édouard Ngirente.
Materula disse ainda que estarão presentes oito ministros (Angola, Argélia, Congo, Guiné-Equatorial, Índia, Portugal, Saharaui e Zimbabwe), porém, não especificou os pelouros de cada Ministro. Todavia, sabe-se que Portugal faz-se representar pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, enquanto Angola será representado pelo Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República. Há ainda o registo da presença de um vice-Ministro do Egipto e de um General das Forças Armadas do Uganda.
Aos jornalistas, a Ministra da Cultura e Turismo garantiu que o Governo enviou os convites aos seus países amigos, assim como a todas as representações diplomáticas acreditadas no país, mas afirma que não houve questionamento das razões do “boicote” dos outros Chefes de Estado.
Refira-se que o país vive um momento de instabilidade política por conta das manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane em protesto aos resultados oficiais. Aliás, o país observa neste momento três dias de novas manifestações, que já causaram desde 21 de Outubro passado a morte de pelo menos 300 pessoas e destruição e pilhagem de centenas de infraestruturas públicas e privadas.
Sem quaisquer explicações sobre a ausência da maioria dos Chefes de Estado convidados, a única garantia é de que Venâncio Mondlane, o segundo candidato mais votado, nas contas do Conselho Constitucional, não foi convidado ao evento, sendo que o Governo privilegiou os líderes dos partidos políticos com assento parlamentar. (Carta)