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quinta-feira, 09 janeiro 2025 10:42

Eleições 2024: VM7 volta e autoproclama-se PR no Aeroporto

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Venâncio Mondlane, segundo candidato presidencial mais votado nas Eleições Gerais de 09 de Outubro, voltou hoje à Moçambique, dois meses após abandonar o país, surpreendendo a imprensa e os funcionários do Aeroporto Internacional de Maputo, ao fazer juramento como Presidente da República “eleito pelo povo e não pelo Conselho Constitucional”.

 

“Sou conhecido como uma caixinha de surpresas”, afirmou Mondlane, antes de fazer “o juramento” como “novo chefe de Estado eleito”, em declarações à comunicação social.

 

O político falava após desembarcar no Aeroporto Internacional de Maputo, de um voo da Qatar Airways, proveniente de Doha, capital do Qatar. O país da transportadora aérea e a proveniência do voo não esclareceram o país onde Venâncio Mondlane viveu durante os dois meses em que esteve fora de Moçambique e de onde convocava as inéditas manifestações contra os resultados eleitorais.

 

Com aquele acto, Venâncio Mondlane cumpre uma promessa que fez reiteradas vezes, de que ia tomar posse, uma solenidade reservada a Daniel Chapo, no dia 15 deste mês, dado que é o candidato presidencial proclamado vencedor pelo Conselho Constitucional.

 

Questionado sobre a decisão de regressar ao país, Mondlane apontou três razões. A primeira prende-se com a necessidade de quebrar a “narrativa” de que a sua ausência do país inviabiliza o diálogo visando pôr fim à crise pós-eleitoral e as manifestações contra os resultados eleitorais de 09 de Outubro. “Estou aqui de carne e osso”, vincou Mondlane, manifestando disponibilidade para “negociações”.

 

O segundo argumento para o regresso é colocar fim ao “genocídio silencioso” que os seus apoiantes têm supostamente sofrido às mãos das Forcas de Defesa e Segurança (FDS) do “regime da Frelimo”. Mais de 300 pessoas morreram nas manifestações populares, na sua maioria civis e vítimas da violência policial. “Não posso estar ao fresco, quando há massacres”, sublinhou.

 

Venâncio Mondlane apontou como terceira razão colocar-se à disposição da justiça, perante eventuais acções judiciais instauradas contra aquele candidato presidencial. Avançou ainda que o seu regresso não resulta de nenhum acordo com as autoridades moçambicanas, assinalando que o Presidente da República, Filipe Nyusi, não respondeu às pré-condições que impôs para o arranque das conversações. “O meu regresso é decisão unilateral”, salientou, observando que não saiu do país por medo.

 

Nunca me afastei do PODEMOS

 

Sobre as recentes divergências com o partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), força política que o apoiou, Venâncio Mondlane assegurou que não se afastou da organização, mas admitiu a existência de desentendimentos.

 

O PODEMOS e Venâncio Mondlane entraram em rota de colisão, na sequência da decisão daquela força política de permitir que os seus deputados eleitos tomem posse na Assembleia da República, no próximo dia 13. Mondlane considera a decisão uma traição, reivindicando a sua vitória e do PODEMOS nas Eleições Gerais de 09 de Outubro.

 

Não quero cargos executivos

 

Sobre uma possível acomodação no futuro Governo, Venâncio Mondlane afastou esse cenário, sustentando que a sua luta não é por posições no executivo, mas pela defesa dos interesses do povo. “A única função é defender este povo, não é para ser chefe, não vou ser parte do executivo que resultou destes resultados falsários”, ressalvou Mondlane. (Carta)

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