Setenta e seis dias depois de ter deixado Moçambique por temer os esquadrões da morte (que assassinaram o seu advogado e o mandatário do PODEMOS), o candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane desembarcou, esta quinta-feira, no Aeroporto Internacional de Maputo, proveniente da parte incerta, algures no estrangeiro.
O regresso do político – que deixou o país no dia 24 de Outubro (no auge das manifestações populares por si convocadas), através da Fronteira Terrestre de Ressano Garcia, no distrito da Moamba, província de Maputo – foi anunciado no último domingo pelo próprio Venâncio Mondlane em uma transmissão em directo.
Venâncio Mondlane desembarcou de um voo da Qatar Airways, um pouco depois das 08h45m. Aos jornalistas, o segundo candidato presidencial mais votado disse que regressou ao país por três objectivos. Primeiro, para quebrar a narrativa de que o diálogo político entre o Chefe de Estado e os quatro candidatos presidenciais não acontecia por estar fora do país. Segundo, para monitorar a chacina dos moçambicanos pela Polícia e, por último, mostrar a sua disponibilidade para responder à justiça em torno dos processos judiciais em curso.
No anúncio de domingo, refira-se, o político, que se autoproclama Presidente da República Eleito das eleições de 09 de Outubro, convidou os cidadãos a recebê-lo no maior aeroporto do país, incluindo o Presidente da República. Milhares de cidadãos deslocaram-se, esta manhã, para o Aeroporto Internacional de Maputo para receber o político, porém a Polícia posicionou-se nas imediações do Aeroporto para impedir o acesso ao local.
Lembre-se que, antes de abandonar Moçambique, Venâncio Mondlane tentou liderar uma marcha pacífica no dia 21 de Outubro, em repúdio ao assassinato bárbaro do seu advogado e mandatário Elvino Dias, ocorrido na noite do dia 18 de Outubro, mas o gás lacrimogéneo da Polícia impediu tal façanha, tendo gerado violência entre esta e os apoiantes do político.
Aliás, para além de impedir uma marcha pacífica, a Polícia lançou gás lacrimogéneo contra o político durante uma conferência de imprensa, um momento registado em directo por cadeias de televisão estrangeiras. Desde 24 de Outubro, Venâncio Mondlane tem marcado a sua presença na vida dos moçambicanos através da rede social Facebook.
Foi da plataforma digital da norte-americana Meta que Venâncio Mondlane convocou e deu orientações sobre o curso das manifestações populares, que culminaram com a morte de pelo menos 300 pessoas, na sua maioria civis, assassinados pela Polícia. (Carta)