A Polícia da República de Moçambique (PRM) defendeu, esta segunda-feira, haver um “espectro de anarquia” nas vias públicas, com a persistência do bloqueio de estradas, cobranças coercivas de dinheiro aos automobilistas roubo e saque de bens por parte dos manifestantes, no âmbito das manifestações populares em curso no país, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
No entanto, a corporação voltou a esconder as mortes, que vêm sendo causadas pelos membros da corporação, nas suas acções violentas de repressão das manifestações, consideradas como “subversivas” pelo Governo e com tendência de “terrorismo urbano”, pelo Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael.
Em comunicado lido na noite de ontem, o porta-voz da Polícia, a nível do Comando-Geral, disse que nos últimos cinco dias foram registados 170 casos de perturbação grave da ordem pública, que tiveram como consequências a destruição total de vários edifícios públicos e privados, com destaque para cinco postos policiais (um da Polícia Municipal), quatro postos administrativos e uma conservatória do registo e notariado. Igualmente, foi invadida e vandalizada uma cadeia distrital, foram incendiadas quatro residências e houve registo de 47 feridos graves e ligeiros.
Porém, o adjunto do Comissário da Polícia Orlando Mudumane voltou a ocultar as mortes, que vêm sendo protagonizadas pela Polícia. Dados compilados por organizações da sociedade civil indicam que entre os dias 03 e 07 de Dezembro, houve registo de pelo menos 27 vítimas mortais, sendo que, no total, já foram assassinadas 103 pessoas desde 21 de Outubro.
Mudumane afirma ainda que 77 pessoas foram detidas nos últimos cinco dias em conexão com as ocorrências criminais, tendo sido instaurados 119 processos-crimes “remetidos ao Ministério Público para os devidos procedimentos legais subsequentes”.
Refira-se que ontem, o país voltou a ficar paralisado devido aos protestos, com registo de novos actores, com a entrada em cena da população do distrito de Marínguè, na província de Sofala, que colocou barricadas na via pública para impedir a circulação de pessoas. Três pessoas foram assassinadas pela Polícia e uma ficou ferida. (Carta)