Moçambique volta a registar, desde as primeiras horas desta quarta-feira, uma nova fase das manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em repúdio aos resultados eleitorais de 09 de Outubro de 2024.
Desde às 08h00 de hoje, que as cidades de Maputo, Matola, Nampula e Nacala-Porto, assim como os distritos de Mandlakazi (Gaza) e Inhassoro (Inhambane) registam alguma agitação, com manifestantes a bloquearem vias e a Polícia a lançar gás lacrimogénio e a disparar balas verdadeiras, o que tem exaltado os ânimos.
Na cidade de Maputo, por exemplo, os manifestantes, mais uma vez, observaram o horário indicado por Venâncio Mondlane e bloquearam dezenas de estradas, com destaque para a Estradas Nacionais Nº 1 e Nº 4 e as Avenidas 24 de Julho, Julius Nyerere, Mário Coluna, Dom Alexandre, Acordos de Lusaka, Milagre Mabote e Vladimir Lenine.
A Casa Militar (guarda presidencial) voltou a bloquear as vias que dão acesso à Presidência da República e ao Palácio da Ponta Vermelha, em mais uma acção vista pelos críticos, como uma "corroboração" com as manifestações.
Em alguns locais, os bloqueios de estrada causaram congestionamento, como é o caso da Avenida de Moçambique (EN1), que está congestionada entre os bairros do Jardim e George Dimitrov desde às 06h30m de hoje. Aliás, os condutores tiveram de desligar as viaturas, de modo a poupar o seu combustível.
Em Mahlampsene, no Município da Matola, província de Maputo, supostos manifestantes queimaram um autocarro pertencente à empresa de Transportes Lalgy, uma das principais empresas do sector logístico do país. Ainda queimaram o Posto Policial local. Testemunhas contam que tudo começou, quando a Polícia decidiu lançar gás lacrimogénio e disparar balas verdadeiras contra os manifestantes.
Tal como nos protestos anteriores, alguns manifestantes decidiram colocar mesas, cadeiras e até suas bancas nas estradas e outros até lavavam e secavam roupa em plena via pública, uma forma de protesto testemunhada, pela primeira vez, em Ressano Garcia, durante os três dias de manifestações de bloqueio de fronteiras e portos.
Para além de bloqueio de estradas e queima do autocarro dos Transportes Lalgy, houve ainda, na manhã de hoje, um trânsito-livre em algumas portagens da capital do país, com destaque para a Portagem de Kumbeza, gerida da Rede Viária de Moçambique, herdeira da Maputo Sul (que construiu a Estrada Circular de Maputo e a Ponte Maputo/KaTembe), enquanto a Portagem de Maputo, gerida pela sul-africana TRAC, estava às moscas.
Considerada “Fase 4x4”, a nova etapa das manifestações, a decorrer durante oito dias, visa todos bairros e distritos de Moçambique, devendo decorrer entre às 08h00 e às 15h30m. Em Chidenguele, distrito de Mandlakazi, manifestantes bloquearam a Estrada Nacional Nº1, devendo retirar as barricadas depois das 15h30m, um cenário que se repete no distrito de Inhassoro, província de Inhambane, com manifestantes a queimar pneus em plena EN1, em Mangungumete.
Refira-se que a nova fase das manifestações populares, anunciada na última segunda-feira pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, termina na próxima quarta-feira, 11 de Dezembro. (Carta)