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terça-feira, 26 novembro 2024 18:24

Eleições 2024: “O Presidente da República não respondeu às questões por mim colocadas” – Venâncio Mondlane

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Deixou de ser uma previsão e passou à uma certeza: Venâncio António Bila Mondlane não tomou parte, esta terça-feira, do diálogo político convocado pelo Presidente da República, semana finda, com os quatro candidatos presidenciais, com objectivo de “discutir a situação do País no período pós-eleitoral”, caracterizada por manifestações populares em protesto contra os resultados eleitorais, que apontam uma vitória da Frelimo com mais de 70% dos votos.

 

Em mais uma transmissão em directo na sua página oficial do Facebook, feita quase uma hora após o início da reunião (que contou com a participação de Ossufo Momande, Lutero Simango e Daniel Chapo), o candidato suportado pelo PODEMOS afirmou que não tomou parte do encontro porque não recebeu quaisquer respostas por parte do Presidente da República à proposta de agenda submetida na sexta-feira.

 

“Não estou a participar desse debate, nem virtualmente, por uma razão muito simples. É que, até hoje [terça-feira, 26 de Novembro], não recebemos qualquer ofício em resposta à nossa carta. Infelizmente, o Presidente da República não respondeu as questões por mim colocadas e uma delas era a possibilidade de participação virtual. Nenhum dos 20 pontos apresentados foi respondido”, afirmou o político, logo na introdução da sua comunicação.

 

Segundo Venâncio Mondlane, o silêncio de Filipe Jacinto Nyusi às suas exigências é sinal de que “o Presidente da República está a criar um teatro” e que “não tem nenhuma vontade genuína de haver um diálogo sério para se resolver o problema da crise pós-eleitoral que Moçambique está a viver”.

 

“O Presidente da República não tem preocupação com a situação em que a população moçambicana se encontra; com as vidas perdidas; com os ilícitos eleitorais cometidos pelo STAE, na manipulação dos resultados, na adulteração dos documentos e na falsificação das actas e editais. O Presidente da República não tem interesse em clarificar isto”, defendeu.

 

Lembre-se que Venâncio Mondlane, que foi o primeiro a aceitar publicamente o convite do Chefe de Estado, condicionou a sua participação à extinção de todos processos criminais que correm contra si na PGR (Procuradoria-Geral da República). Exigiu também a presença da imprensa, de organizações da sociedade civil e da comunidade internacional, para além da definição de uma “agenda clara”.

 

Ausência questionada pela oposição

 

A ausência de Venâncio Mondlane foi questionada pelos candidatos presidenciais do MDM e Renamo, Lutero Simango e Ossufo Momade, respectivamente, no início da reunião. Aliás, o Presidente da Renamo foi mais longe ao dizer que Venâncio Mondlane “é o centro do problema”, pelo que reunir sem a sua presença “não estamos a resolver nada”.

 

“Quem convocou a manifestação foi ele e a sua ausência é perigosa, na medida em que nós queremos coisas sérias, responsáveis e resolver os problemas”, afirmou Ossufo Momade, para quem Filipe Nyusi deve fazer de tudo para que Venâncio Mondlane esteja dentro do país e em segurança.

 

Em resposta, o Presidente da República afirmou que “o candidato Venâncio não foi expulso de Moçambique, não há motivos para não estar em Moçambique. Se há motivos legais, podia colocar esse problema para nós vermos porque precisamos de falar”.

 

“Se estivesse no sítio conhecido, se calhar sugerisse a esta equipa que está interessada em resolver o problema [o Presidente da República e os candidatos presentes] a ir ter com ele lá, mas ninguém sabe onde está”, defendeu Filipe Jacinto Nyusi, assegurando que “o esforço será feito” para garantir que o político esteja em Moçambique.

 

“Aceitou o convite e não colocou o problema de segurança, então, tem a certeza de que os moçambicanos não trocariam a vida dele”, atirou o Chefe de Estado, em meio a risos.

 

Para o Presidente da República, o tema (situação do País no período pós-eleitoral) é que vem em primeiro lugar no diálogo, sendo que a agenda é definida, por consenso, com o evoluir dos debates. “Temos experiência do diálogo que estabelecemos no passado, que resultou numa agenda sobre a descentralização e depois sobre o DDR. Mas, no primeiro dia não é isso que se disse”.

 

Prosseguindo, Filipe Nyusi admitiu a possibilidade de reformular o formato do diálogo (de quatro para um candidato de cada vez), de onde se pode definir as matérias que podem ser discutidas, tal como definir-se o horizonte temporal para discussão dessas matérias.

 

O Chefe de Estado disse ainda que nem todos encontros estarão abertos aos jornalistas – como se verificou na abertura da reunião de hoje – para que nem tudo se torne notícia, de modo a ser evitar maus aconselhamentos. (A. Maolela)

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