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quinta-feira, 07 novembro 2024 19:01

Eleições 2024: Frelimo chama manifestantes de “distraídos” e “gananciosos”

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O partido Frelimo, que controla a máquina do Estado desde a independência do país, em 1975, chamou, na noite desta quarta-feira, de “distraídos” e “gananciosos”, os cidadãos que se encontram nas ruas a contestar os resultados eleitorais e a precariedade das condições de segurança, que tornaram Moçambique em uma das maiores praças de raptos do mundo.

 

Falando na noite desta quarta-feira, no final da 36ª Sessão Ordinária da Comissão Política do partido no poder, Alcinda De Abreu voltou a recorrer à velha narrativa oficial de que os manifestantes estão sendo usados por forças estrangeiras, que têm intenção de explorar os recursos naturais, ignorando, desta forma, as evidências da fraude eleitoral, assim como a miséria e penúria a que a maioria dos moçambicanos estão sujeitos.

 

“Moçambique é um país rico no seu subsolo, tem recursos que alguns países cobiçam e, como tal, recrutam moçambicanos distraídos, gananciosos para provocarem instabilidade para, no final, eles tirarem proveito daquilo que a natureza nos destinou a nós, como moçambicanos”, afirmou Alcinda De Abreu, membro da Comissão Política da Frelimo.

 

Para a antiga Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, os moçambicanos devem pensar nas razões que levam Moçambique, desde a independência, a mergulhar em guerras sempre que tenta se levantar. É que, na análise da Comissão Política da Frelimo, o partido no poder faz parte dos movimentos de libertação nacional africanos que hoje estão a ser retirados do poder “porque há países que nunca aceitaram a nossa independência nacional, queriam que continuássemos sobre a dominação estrangeira”.

 

Sem nunca fazer a radiografia da governação da Frelimo e nem analisar os impactos da corrupção, da partidarização do Aparelho do Estado, das cíclicas fraudes eleitorais e das gritantes desigualdades sociais entre os ricos (na sua maioria membros do partido no poder, incluindo seus filhos e descendentes) e os pobres, Alcinda De Abreu defendeu que os apelos à manifestação popular visam unicamente tirar Filipe Jacinto Nyusi e a Frelimo do poder.

 

“Assistimos a apelos de violência, de insubordinação, insurreição geral e, por último, de tentativa de golpe de Estado. Quando se incita as pessoas a ocupar o Palácio da Ponta Vermelha [inferência à marcha sobre a Cidade de Maputo], isto é tentativa de assalto ao poder, um poder que foi instituído democraticamente, legalmente legitimado”, considera.

 

Num discurso de pouco mais de 20 minutos, marcado por suspiros e apelos ao patriotismo, Alcinda De Abreu começou por deixar bem clara a convicção da Comissão Política da Frelimo sobre as eleições. “A Frelimo ganhou as eleições do dia 09 de Outubro. O candidato da Frelimo, Daniel Francisco Chapo, ganhou as eleições presidenciais do dia 09 de Outubro deste ano. Os eleitores foram às urnas, expressaram a sua vontade ao escolher a Frelimo e o seu candidato para dirigirem o país nos próximos cinco anos”, afirmou De Abreu logo na sua introdução.

 

“Há vozes que se opõem à nossa vitória e eu pergunto: porquê? Quem não acompanhou o trabalho árduo dos membros e dirigentes da Frelimo em todo país, dentro e fora de Moçambique, durante os 43 dias da campanha eleitoral? (…) Quem não viu o nosso candidato a trabalhar em todas províncias, em vários distritos e no exterior, falando, dialogando, registando as ideias, propostas e contribuições de várias camadas de jovens, mulheres e homens dos vários sectores e vectores da nossa sociedade, num movimento que o próprio povo denominou ‘Chapo Chapo’?”, questionou.

 

“A vitória da Frelimo e do camarada Daniel Chapo é resultado do voto de mais de quatro milhões de membros da Frelimo. Para além de membros, nós também temos simpatizantes, que simpatizam com os ideais da Frelimo que são de independência total e completa da Moçambique”, disse De Abreu, sugerindo que nenhum membro da Frelimo ficou doente ou faltou às urnas no dia da votação.

 

Lembre-se que Daniel Chapo venceu as eleições presidenciais com 4.9 milhões de votos, de acordo com os dados da Comissão Nacional de Eleições, o equivalente a 70,67% do total de votantes. (Carta)

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